Diários de Ressonância Por Thiago Colmenero

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2013

Gestão de que? Da cidade, de direitos, de deveres, de espaços, de vidas. De vidas. Falar em autogestão é trazer para si a responsabilidade, ao mesmo tempo que se compartilha funções e atividades para assim construir caminhares. Plurais. Sempre plurais, nunca à direita, passando por anarquias, esquizoanálises, análises institucionais, socialismos, marxismos. Trazer perspectivas criticas para falar da historia, da cultura, da cidade, da economia, de um regime de fazer viver onde caibam mais pessoas e vozes.

Per-correr exige dois modos de presença: de um lado, uma atenção ao aqui e agora a cada detalhe exposto ao seu redor. Processos esmiuçados, muitas vezes intermináveis: GT comunicação, GT divulgação, GT didática, GT bar! Atenção dedicada a cada movimento, ação, cheiro, olhar, cor, sensação, vozes, falas. De outro lado, um desassossego provocado por aquilo que lhe é estranho – “que merda de aula é essa?” Diriam alguns. Dois modos de presença intensas e paradoxais. Como correr em um lugar que não se conhece? Como estar confortável em um lugar nunca visto antes? O que se faz presente é a ineficiência de qualquer tentativa de explicar, entender ou interpretar o que acontece. São pessoas. Não são objetos. São e não são pessoas e objetos. Processos.

Posso dizer que de largo, o mais interessante em fazer parte desse processo foi escutar, sentir e entrar nas histórias, relatos e ressonâncias dos “convidados” que quase toda semana vinham na disciplina, falando mais da segunda parte do curso. Ter dimensão do macro e da micropolítica inscrita em práticas autogestionárias cidade a fora (sejam relativas às manifestações, às moradias, ao trabalho) comunica muito bem o viés politico de se debater gestão.

Na experiência de caminhar, proposta nesse curso como método, há um processo contínuo de colheita, a partir do qual cada aula vai sendo tecida, os argumentos construídos, as ideias expostas. Fazer do caminhar um método não é coisa trivial. A escolha é proposital, por vir de trilhos da psicologia e da educação, o fio que articula as reflexões é precisamente um dos modos de como é praticada a autogestão, insto é, como é conjugado o verbo conhecer no campo da psicologia e da educação quando se encontra com o que vivemos.

Por Thiago Colmenero

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