Fechamento do curso

Carxs particpantes do curso,

tive que lançar as notas para quem estava inscrito como estudante no curso regular do IP seguindo as deliberações que tomamos no dia 12/12/2013. O certificado para quem cursou como curso de extensão ficou a cargo do João. A deliberação do dia 12.12 foi:

  • para receber nota, os participantes inscritos como alunos do curso de Psicologia do IP deveriam escrever (até o dia 19.12.2013, postergado para o dia 22.12) um diário de ressonâncias e inseri-lo no blog.

Lancei as notas de todos os inscritos no dia 23.01. Oito alunos – alguns participantes assíduos e engajados – não inseriram seus diários e foram reprovados. Alguns deles me escreveram solicitando uma ação e comentando sobre o fato de não terem inserido seus textos no blog.

Em obediência à dinâmica do curso que se pautou, entre outras coisas, por deliberações coletivas escrevo para encaminhar uma resposta ao problema. O que fazemos? (Gostaria de que chegássemos a uma encaminhamento hoje).

Observo que embora o calendário acadêmico de 2013 informe o dia 23.12 como prazo para lançamento de notas, o SIGA ainda está aberto para os professores alterarem as notas.

Diário de ressonâncias – Aymara

Queria fazer algo não verbal, buscando escapar às minhas limitações, mas digamos que fiquei no meio do caminho (que é também um ótimo lugar).
Sentada, nos vários momentos que devaneava sobre essa feitura, elegi não o todo, mas as partes, escolhendo 3 …… (cenas, imagens, fatos, sentimento..etc etc etc etc) que me foram mais caros.O primeiro se fez de supetão, quando buscava o material para montar as colagens. Atrás de colas me deparei com a gaveta das quinquilharias, cheia de CD’s, cassetes e disquetes. Sim, disquetes…. Tive certeza ao vê-los que isso era algo do qual eu queria falar, não de tecnologia, comunicação e “espalhação” de conhecimento, que para acontecer precisam de muito, muito barulho – por mais que isso tenha sido um problema dos mais barulhentos para nós, que com três meios super poderosos de comunicação extra-classe não conseguimos nos apropriar e fazer funcionar bem nenhum.
Não, não… sua função já não é mais difusora, passou ao “vintage”, à memória. Ele está lá para lembrar, de tudo que se passou, do que se perdeu e do que se ganhou, do que se construiu e que se modificou. Olhando para ele só me vinha a importância da memoria, do lembrar e do saber, daquilo que já ocorreu e ocorre, do fazer redes para poder construir algo novo e melhor.
Tivemos muito disso na sala, do novo que urgia por ser criado e recriado a cada momento, buscando não ser capturado, mas que ao mesmo tempo bebia o mais que podia do passado e da história.
Pensando em “memória” me veio “esquecimento”, e me lembrei do rio Lhete – na mitologia grega era um dos rios de Hades, aqueles que bebessem ou até mesmo tocassem na sua água experimentariam o completo esquecimento – me surpreendi de certa forma ao saber que seu oposto (Alethéia) significa verdade e fiquei mordida……
De provocação colei então as palavras em lados opostos do disquete (Lethe e Aletheia), mas o conceito ficou mais bonito que a realidade, então deixo a imagem para a imaginação de vocês, assim também como as razões do incômodo.
O segundo – para mim nevrálgico – são as falas, a organização destas (e por isso os dedos), seu espaço, ou falta de e a necessidade de tornar isso algo menos burocratizado mas também funcional. (colagem 1)
 colagem1
A fim, escolhi terminar com o início, lembrando de uma das últimas reuniões antes do início da matéria, que teve como maior debate a eleição da quantidade de pessoas que poderia (e iria) se inscrever e participar do projeto. Foi uma aposta que não parou de se balançar até o último dia do semestre, dos que apostaram que iriam todos aos que disseram que não iria ninguém, todos temos que lidar com esses fatídicos 90, sua falta (?) ou sua presença em multidões de outras formas. (colagem 2)

Colagem2

Ressonâncias autogestadas (Clara Camatta)

“Trabalho arduamente para fazer o que é desnecessário

O que presta não tem confirmação,

O que não presta, tem”

(Manoel de Barros, Livro sobre Nada)

 

Primeiro dia do curso, cheguei atrasada. Atravesso o corredor em direção a sala aos saltos, a excitação me consome, o olho brilha e o sorriso não se contém. “Está mesmo acontecendo? Saiu do papel!”. Entro na sala e quase os 90 inscritos estão ali. Um turbilhão de pensamentos e sentimentos se mistura: “Será que vão todos continuar? Será que vamos reformular tudo? Será que vai funcionar? Será que a gente vai se ouvir?”. Assustador e desafiante.

A turma estava dividida em grupos para discutir o programa proposto, entro em um deles, ainda muito agitada e vejo que falávamos de muitas coisas, especialmente sobre as manifestações e a EBSERH, mas discutíamos pouco o programa. Em alguns momentos, interrompia a discussão pedindo que fossemos mais objetivos, pois o tempo era curto. Me senti a chata, o reloginho que interrompe os fluxos que se inauguram e os atropela. Ao fim, conseguimos pensar o programa e toda uma folha de caderno estava abarrotada de idéias e sugestões. Lembro de na hora ter pensado sobre como o processo grupal é rico e como ficamos engessados em determinados idéia e circuitos as vezes: em tão pouco tempo surgiram inúmeras idéias que não haviam aparecido em várias reuniões anteriores de elaboração da proposta do cronograma.

Quando abrimos para a turma toda, nossa grande dificuldade logo se apresentou: como sintetizar e discutir todas as idéias em um tempo escasso? Não se tratava mais de alguém falando sobre o tempo da atividade, mas da demanda institucional de que encerrássemos a aula para que a sala fosse utilizada por outra turma. Como deliberar sem sentir que a discussão se esgotou? Como discutir sem fazer com que todas as aulas fossem para pensar o curso e pudéssemos não só pensá-lo, mas vivê-lo? (não que pensar sobre ele não fosse em alguma medida, também, vivê-lo). Pensamos em GTs que se reuniriam na hora final de cada aula para pensar os próximos encontros, uma tática que se mostrou ineficaz. A autogestão demanda maior implicação, mais energia para estar ali e, no final dos encontros estávamos todos exaustos e com uma pressa de ir embora, tornando as discussões dos GTs rápidas e esvaziadas.

Nas aulas que se seguiram, vimos o já esperado, porém não desejado, esvaziamento do curso. As aulas de discussão sobre autogestão, disparador para a disciplina, se iniciaram. Acreditei que agora teria as respostas para os conflitos que vivia em outros espaços autogestados, como o CA e, enfim, conseguiríamos estabelecer um parâmetro fixo para o que é autogestão, uma fórmula para o seu funcionamento. Doce ilusão. As discussões eram sempre muito teóricas, distantes de uma prática e sem conflitos. Todos concordavam e eu só me lembrava de Nelson Rodrigues que diz: “toda unanimidade é burra”.

Líamos que autogestão era uma forma de gestão horizontal, onde todos são protagonistas das decisões e que a defesa de ideais fascistas não cabia nesta forma de gestão que é uma escolha política e não meramente organizativa. Entretanto, as minhas dúvidas permaneciam (e acho que ainda permanecem): tudo precisa ser decidido por consenso? Por que sempre as mesmas vozes soam? Será o consenso unânime?

 Em paralelo a isso, no CA vivíamos um momento de reformulação e grandes questionamentos, com a participação de pessoas que não se viam cabendo naquele espaço e, por isso mesmo, resolveram ocupá-lo. Ocupação que, para mim, foi a maior opção autogestionada, que nos forçou, enquanto coletivo, a problematizar a nossa forma de organização, especialmente por estarmos em um espaço representativo. Ocupação que me angustiou e somou-se à mesmice que se tornaram as aulas teóricas de autogestão, me levando a uma completa falta de tesão pelas quintas-feiras a tarde. Debandei do CA e passei a freqüentar uma ou outra reunião apenas, enquanto insistia no curso de práticas autogestionárias. Insistência que me levou a conhecer outras experiências de autogestão e à constatação mais incrível: nenhuma era igual a outra. Havia versões mais autoritárias, versões seletivas dos seus participantes, versões militantes, versões cotidianas. Sinestesias (ver sons), misturas, possibilidades mil. Desconstruí nestas vivências-narrativas a idéia de uma fórmula para a autogestão. Hoje, ela me parece ser mais uma vontade política, uma escolha ética de viver os espaços coletivos, de ser eu e ser o outro.

“em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós” (Paulo Leminski – Contranarciso)

Nas primeiras assembléias que tivemos para repensar o percurso que estávamos trilhando o silêncio se fez presente. Minha sensação era de que havia um incômodo geral, mas que não sabíamos nomear e fomos tentando tateá-lo, sem nunca chegar ao ponto principal, até que em uma determinada assembléia, a discórdia substituiu o silêncio e os afetos se colocaram. E dos afetos pronunciados surgiu uma aula de arte imprevista. Dinâmica, toque, entrar em contato com o outro. Era o que faltava durante o curso, o espaço de ser íntimo para ser diferente. E, daí, me veio um grande aprendizado: na autogestão, é preciso se conhecer e conhecer o outro, não se sustenta ficar só no espaço da discussão.

Tudo isso me fez pensar no CA, no meu estágio – onde as reuniões supostamente horizontais são verticalizadas – e nas minhas relações pessoais, ressoa para a minha vivência cotidiana o me permitir viver o encontro. Acho que não é a toa que autogestão, especialmente sua versão autogestada, me lembra de gestação. Esse curso surge de um embrião, uma idéia sobre uma disciplina que ganha forma, cresce, se desenvolve e, após alguns meses é parida em uma quinta-feira qualquer. A gestação enfim se encerra e o encontro dos corpos se estabelece olho no olho. Encontro que é e foi a grande produção desse curso pra mim. Encontro de teorias, idéias, angústias, corpos. Encontros fáceis e encontros difíceis. Encontros que foram, são e serão trocas.

“Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.”

(Carlos Drummond de Andrade – Memória)

Carinhosamente e saudosamente,

Clara Camatta

Fechamento do curso e lançamento de notas

Carxs e queridxs companheirxs de curso,

já ensaiei o que vou escrever no diário de ressonâncias mas estou aguardando o fechamento do curso para finalizá-lo,

Neste momento escrevo para falar sobre o lançamento de notas e sobre nossa comunicação. Acreditamos que blog, facebook, mensagens etc facilitam a comunicação. Começo a discordar disso. Uma boa comunicação sobre o curso deveria ocorrer ao longo das aulas com nossas combinações e acertos.

Pois bem, combinamos em sala mas ficamos de comunicar a todos pela vias internauticas, digitais e eletromagnéticas que o diário deveria ser inserido no site até o dia 19/12 – ontem – e tivemos como resultado que muitos não postaram seu diário de ressonâncias. Muitos dos que participaram ativamente do curso. Como combinamos que a aprovação na disciplina está vinculada também ao diário, peço que quem não postou suas considerações que o faça até dia 22/12/2013 pois na manhã do dia 23/12/2013 lançarei as últimas notas e o SIGA fechará o acesso para lançamento de notas por parte dos professores.

Como não temos mais aulas e encontros presenciais da turma, peço que divulguem esta notícia pelas vias presenciais, internauticas, digitais e eletromagnéticas.

Professor Francisco Portugal

Diário de Ressonância – Bruno Pizzi

A proposta de avaliação do curso foi a de produção de uma análise de ressonância. Portanto, pretendo fazer uma breve avaliação das minhas expectativas com o curso e algumas repercussões que o processo me causou. Em uma avaliação feita em sala, uma das colegas apontou que, talvez pela pouca coesão do grupo, as discussões não foram muito duras. Sinto-me bastante contemplado por esta ponderação e acho que deve haver muito trabalho para que se conquiste um nível de discussão – e pertencimento grupal – que alie combatividade e edificação. Gostaria que as pessoas que lessem este relato considerassem o esforço de ampliar a discussão num sentido criador, mantendo sempre a cordialidade. E estarei pronto a receber interlocuções.

A avaliação que faço da iniciativa do curso é muitíssimo positiva. Muito bem vinda em função de diversos fatores. Falar de autogestão é, para mim, necessariamente falar de organização social e encaminhar uma discussão a respeito de política. Como estudante da graduação do Instituto de Psicologia entre os anos de 1998 e 2003, noto que alguns professores se dispunham a incluir questões políticas em suas aulas, mas não da forma como estava proposto de saída pelo curso. Temas como marxismo, anarquismo, história de movimentos sociais, geralmente estiveram fora de pauta, assim como uma discussão sobre os autores clássicos, sejam eles liberais, sejam eles socialistas. Nas raras disciplinas em que havia a introdução de temas políticos, esta discussão se dava a partir de autores mais recentes, privilegiadamente os da escola de Frankfurt – Adorno, Horkheimer, Benjamin – ou Foucault e os pós estruturalistas. Nada contra estes autores, acho que eles encaminham uma série de questões importantíssimas para o nosso tempo, mas fundamentalmente não partem de um zero. Partem e se embasam – concordam, contestam, criam e modificam vias de interpretação e ação – em uma discussão a respeito de história, política, economia e sociedade presente em autores que remontam o início da época moderna. Portanto, particularmente, considero que esses autores clássicos – assim como a discussão sobre o modelo de sociedade em que vivemos – devem estar presentes e logo de início achei, e continuo achando, que a iniciativa de pensar a disciplina sobre autogestão pode ser a de gerar um local privilegiado de estudo a respeito disso.
Ao chegar nos encontros preliminares – aqueles dois primeiros encontros antes da disciplina começar – confesso que esperava uma base um pouco mais sólida. Mas como estávamos no início do processo, aqueles dois encontros serviriam para pensar esta base, que seria posteriormente apresentada ao grupo ampliado. Esse grupo faria algumas alterações na base proposta pelo GT de Didática, o que deflagaria o processo pedagógico. Pessoalmente, avalio que este processo inicial não funcionou. Durante os dois encontros iniciais, nós não conseguimos pensar a estrutura das aulas – justificativas, objetivos, linhas argumentativas, bibliografias – para as aulas seguintes. Acabamos nos envolvendo com questões – sob minha ótica retrospectiva – acessórias, como principalmente avaliação. E até elucubrações sobre publicações, etc. Enfim, nosso sentimento ao final dos dois encontros era de que não havíamos produzido o suficiente, mas que a dinâmica grupal poderia desencadear o processo pedagógico.
Pessoalmente acho que isso não aconteceu. Minha avaliação retrospectiva é a de que os professores talvez pudessem ter conduzido de uma forma mais próxima a montagem do programa. Sei que estamos num processo autogestionário e que esse não acompanhamento pode ter sido intencional. A autogestão tem como princípio o apagamento das separações hierárquicas, a supressão das verticalidades. Em contrapartida penso que ao tentar tocar adiante um projeto comum, cada qual deve tentar disponibilizar o que tem de habilidade que condiz com o objetivo final. Acho que nesse sentido, caberia aos professores auxiliar com o conhecimento que tinham em determinados campos ou com sua capacidade de pesquisa em temas em que não havia integrantes do grupo que dominassem. Não digo que isso não tenha acontecido em nenhum momento, mas para as próximas oportunidades esse acompanhamento pode auxiliar na coesão pedagógica do projeto. Acho também que não devíamos excluir a possibilidade de convidar professores de outras unidades da universidade para falar de temas teóricos. Nosso campus é bastante rico professores que poderiam contribuir com os temas que estavam pautados no nosso esboço de programa de aulas. Acho que esta seria uma iniciativa muito bem vinda em termos de integração com outras unidades como Economia, Educação e Serviço Social.
A meu ver, em termos pedagógicos, o que tivemos foi isoladamente algumas iniciativas de montar aulas – que foram muito proveitosas – mas que não podem ser confundidas com um planejamento mais amplo.
Outra iniciativa que também acho que foi muito boa na proposta do curso foi a ideia de discussão sobre as práticas de gestão e autogestão em outros grupos. Mas, assim como nas aulas, acho que houve, na maioria das vezes, um certo embotamento na discussão. Acho que o que tivemos foram algumas ótimas apresentações de movimentos como os do MNLM, do MST, do projeto de habitação coletiva, cujo mérito talvez possa ser atribuído, a meu ver, muito mais à capacidade elocutória e ao nível de envolvimento orgânico dos convidados com as questões. Mas acho que não conseguimos encaminhar a discussão de forma que ela chegasse ao nível de tratar as polêmicas atuais, e fazer surgir os posicionamentos particulares. Um dos encontros em que isso ficou bastante marcado foi o que tivemos como convidados o integrante da FIP e a integrante da Assembleia do Largo. Em minha humilde avaliação, acho que o grupo não propiciou um espaço adequado para a circulação de ideias e a contraposição de propostas de forma que tivéssemos verdadeiramente um fórum de polêmicas edificantes sobre temas candentes. (Quando eu digo ‘o grupo’, claro que também me implico nisso…)
Considero também que pode ter havido uma série de fatores que confluíram objetivamente para a gestação da proposta do curso. Imagino que devem ter contribuído bastante a experiência do grupo de estudantes com a gestão do Centro Acadêmico – e os estudos que devem ter advindo daí -, assim como o momento de explicitação da turbulência social pela qual passamos desde junho. A questão “O que fazer?” parece estar à flor da pele dos que tem participado mais ativamente.
Sobre a questão da autogestão do CA, gostaria de fazer algumas considerações, sempre em tom cordial… Ao que me parece – por favor, corrijam-me se eu estiver errado! – a iniciativa de promover a autogestão é uma tentativa de ampliar a participação dos alunos nessa instância e parece vir no contexto da saturação de uma certa forma de condução do movimento estudantil – ou dos movimentos sociais se virmos de forma ampliada. Esta forma saturada é a de aparelhamento dos movimentos por instâncias – partidos políticos e sindicatos, principalmente – que agem por verticalizar e inviabilizar a participação ampliada, dando mostras de que “são sempre os mesmos” que ocupam as tribunas e transformam os locais de reivindicação social em espaços de usufruto privado de poder, desde o nível micro até o nível macro.
Não tenho qualquer pretensão de dar solução a essa questão tão premente nos dias de hoje, mas quero apontar algo. Acho que devemos pautar, em caráter de urgência, as contradições das formas “tradicionais” de participação. Acho que esse é um dos motivo que me trouxeram ao envolvimento com esta autogestão. Já participei de fóruns hegemonizados desta forma e acho extremamente danoso à mobilização popular e ao avanço da consciência de classe algumas coisas que acontecem. No entanto, muito da luta que se empreende – tanto na universidade quanto na sociedade ampliada – é feita por pessoas que participam dessas organizações ditas tradicionais. Quando estas pessoas transitam da organização partidária ou sindical aos fóruns circunscritos, elas carregam algo que, pessoalmente, considero essencial para a luta social em qualquer instância: um projeto de sociabilidade. O entendimento de que a sociedade funciona de uma forma e a proposição de que deve funcionar de outra determinada forma a partir de mediações específicas. Essas pessoas estão diretamente envolvidas nas lutas específicas como vemos cotidianamente. Um exemplo bastante próximo de nós é a tentativa de barrar a gestão privada dos hospitais universitários, que conta com a participação – decisiva, a meu ver – de estudantes partidarizados. Este projeto societário é algo que se forma coletivamente. Creio que um desafio para o nosso tempo é o de lidar com os problemas da organização popular sem cair em segregacionismos, divisionismos. Acho que a verticalização extrema promovida por alguns setores dos movimentos sociais é um problema para a organização popular, e não vejo a saída para o extremo oposto – a completa horizontalização – como a melhor das estratégias. Acredito sinceramente que no nosso caso o novo se faz com elementos do antigo.

Infelizmente não consegui participar das exibições do Cine Comuna Amarildo. A ideia foi muito boa e a seleção dos filmes foi fantástica…

No mais, gostaria de dizer que sou bastante grato em ter participado deste processo.
Bruno Pizzi.

Diário de ressonâncias – Ruan Rocha

Eis sua família, sua mãe, seus pais, seus avós.
Bem-vindo a esse sangue, esses ossos.
Por que você perdeu a voz?

Eis sua comida, eis sua bebida, eis o jantar.
E uns pensamentos, se quiser pensar.
Bem-vindo ao lar.

Eis sua estrada da vida quase virgem
Bem-vindo a ela, a essa miragem.
Mesmo assim, boa viagem.

Eis seu aluguel, eis seu pagamento.
O dinheiro é o quinto elemento.
Bem-vindo ao investimento.

Eis sua colmeia, o enxame, multidões.
Bem-vindo a tantas populações:
Você é um em cinco bilhões.

Bem-vindo à lista telefônica onde reluz seu nome.
Numa democracia, um dígito é um homem.
Bem-vindo à busca de renome.

Eis seu casamento, e eis um divórcio todo seu.
E agora os erros irreversíveis que cometeu.
Bem-vindo, você se fodeu.

Eis você com a lâmina junto à jugular.
Bem-vindo, autoterrorista singular,
Ao seu Oriente Médio particular.

Eis seu espelho, eis sua pasta de dentes.
Eis o polvo no seu sonho recorrente.
É seu esse grito de demente?

Eis o sofá, a TV, o debate sobre a crise.
Eis seu candidato falando cretinice.
Bem-vindo ao que ele disse.

Eis sua varanda, o carro que passa apressado.
Eis seu cachorro cagando na sala, folgado.
Bem-vindo ao seu olhar culpado.

Eis as cigarras e eis um pássaro piando à tarde.
A lágrima que pinga no seu chá pela metade.
Bem-vindo à eternidade.

Eis sua radiografia com uma mancha no pulmão.
Bem-vindos os comprimidos para o coração.
Bem-vindo seja você à oração.

Eis sua tumba, o cemitério que se estende além.
Bem-vindas as vozes que dizem “Amém”.
É o fim para você também.

Eis seu testamento, mas ninguém o lê.
Eis sua missa, mas rezar quem há de?
Eis a vida sem você.

E eis as estrelas que não estão nem aí
Para você ter ou não estado aqui.
Meu velho, é isso aí.

Eis que não sobrou nada do seu passo.
Da sua face não ficou traço.
Bem-vindo ao espaço.

Bem-vindo, aqui não se respira.
No espaço aberto tudo expira.
Só Saturno segura a pira.

DIARIORESOO

Diario de Ressonancias coletivo

 

                          UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – UFRJ

                  Geórgia Lau; João Pedro Simões; Rafael Ostrovski; Victor Cumplido
                     Praticas Auto Gestionárias – Diário de Ressonâncias coletivo

 

chatíssimas

são as pessoas

que falam sobre Anarquismo

sem um pingo de emoção

        Para a elaboração do diário de ressonâncias, pensamos em um diário coletivo pois acreditamos que assim tomamos com mais atenção os vetores relevantes, bem como imaginamos que a elaboração em conjunto pode ser importante para que sejam lembrados também, vetores menos óbvios. Acreditamos que uma prática coletiva deste tipo de exercício pode também ser importante para lembrarmos mais uma vez da autogestão e deste modelo de organização entre um determinado grupo. Não queremos que transpareça uma leviandade de cada um ou algo do genêro, mas todos viemos experimentando ações coletivas nos últimos tempos, e a força de se estar em grupo é algo que ultrapassa as qualidades e possibilidades de um indivíduo apenas. Além disso, podemos perceber que este exercício coletivo foi importante uma vez que passamos a trocar algumas impressões sobre as aulas e discutimos pontos em dissonância, acreditando que a soma de todas as partes é prerrogativa para um todo. Quanto mais se soma, mais se tem a ganhar. Mesmo que sejam apenas possibilidades a serem discutidas. A ideia de se fechar um todo – completá-lo ou tomá-lo como algo dado – é oposta ao múltiplo embate de ideias. Esse último é o que permite a criação de algo novo, o contato com o inesperado.

O curso começa com uma ideia diferente daquela mais convencional nos meios acadêmicos. Teoricamente, o curso deveria ser gerido e ministrado em conjunto, sem hierarquização de poderes, horizontal, autogerido pelos que estavam interessados no programa, sem distinção entre as funções instituidas pela universidade. Ou seja, na turma havia um grupo misturado de alunos da graduação, professores, alunos de extensão, interessados, estudiosos e pesquisadores do tema, de diversas áreas do conhecimento. Sendo assim, não deveria haver alguém que respondesse por todos, que representativamente escolhesse a direção a seguir, mas todos os passos deveriam ser tomados em uníssono e coletivamente, da maneira mais apropriada que pudéssemos elaborar. Há de se reconhecer o esforço de se levar a cabo tal ideia, e a validade que a aplicação prática desta tem para os alunos, professores e para a instituição.

 

“(…) Não se pode negar que se trata de uma fascinante ciência. Farto estou de haver visto homens  cultos, literatos, poetas, políticos que procuraram e acharam nessa ciência o seu mais elevado conforto e a sua última finalidade, apenas tendo conseguido fazer carreira mediante emprego de tais dons.” O Idiota, Dostoiévski.

As primeiras aulas foram basicamente alguns acordos que precisávamos fazer, como por exemplo se iríamos sentar em roda na sala e como funcionaria a comunicação entre os participantes, e se esta seria celular ou não. Infelizmente houve uma precipitação por parte de algumas pessoas mais inflamadas em tentar formular um método adequado para o encaminhamento das aulas, o que, apesar da boa vontade, acabou por sair como um tiro no pé. Isso foi um resultado de certa forma esperado para um experimento deste tipo numa instituição como a nossa, uma vez que ela nos impõe prazos, metas, pressupostos, razões e outras questões burocráticas que fazem com que discussões sobre a metafísica da nossa prática e os conceitos que poderiam ser criados coletivamente neste espaço/tempo, acabassem sendo deixados como secundários ou menos importantes.

EEEPPAA.. e faltou também além da metafísica algo que nos tirasse constantemente do lugar comum, algo que não trouxesse conforto, mas desconforto!

Embora saibamos os limites que nosso corpo habita neste tipo de cenário institucional, acreditamos ter havido uma despreocupação filosófica geral no que tange a elaboração do próprio conceito de autogestão e do conceito de curso acadêmico, uma vez que, tomados como pressupostos menos importantes, ao invés de serem repensados e resignificados coletivamente, acabaram servindo apenas como um desestimulante geral para os inscritos na disciplina, uma vez que muitos dos que estavam ali não sabiam o quê estavam fazendo no curso, para quê estavam fazendo, ou simplesmente não quiseram saber como iriam fazer qualquer coisa ali dentro. Ou seja, a ideia era fazer um curso autogerido sobre autogestão, mas o que aconteceu é que não foi discutido – ou foi muito pouco – o que significava para nós o conceito autogestão, muito menos como autogerir um curso acadêmico. Algumas soluções que pareciam brilhantes na hora foram capturadas quase que automaticamente, apenas por não haver sugestão melhor naquele momento. Isso gerou um efeito bola de neve, mas ali não teríamos como saber onde ia dar, muito menos teríamos a presunção de afirmar que as coisas, do jeito que caminhavam, não iriam terminar tão bem.

Ok, não vamos dizer que não deu certo. Mas também não vamos fingir que funcionou da melhor maneira. Não acreditamos também que o processo se daria sem tropeços naturais, ainda mais conhecendo os trâmites institucionais que pairam suspensos no ar universitário. Porém, julgamos que deveria ter havido uma maior preocupação com a essência das questões mais triviais, como criação de conceitos, calendário, práticas ou simplesmente a criação de métodos de estímulo a participação de todos. Podemos até mesmo afirmar que houve ingenuidade quando não foram pensadas estratégias para a promoção da participação e integração entre os membros do grupo, ou seja, por determinar que as pessoas, apenas por estarem presentes naquele espaço, estariam em um estado de coletividade e que isso possibilitaria ao grupo autogerir-se.

 

“Monotonal.

Sua fala é como um zumbido

o cérebro recebe ondas-alfa

eu quase durmo”

 

Alguns de nós, em certos momentos, sentiram-se como que imersos em angústia semelhante à d’O Processo de Kafka: havia uma tentativa de elaborar a situação, compreendê-la em seus descaminhos, mas ao buscar soluções, se viam perdidos a um meio que funcionava de modo maquínico, impessoal, e portanto sem ter a quem recorrer de forma comunicativa. Ainda que o espaço da fala estivesse aberto nas aulas, a sensação é de que todas eram de alguma forma capturadas, perdendo-se a ideia original do postulante, tornando-se algo coletivo, porém não necessariamente bom por isso. Essa sensação foi compartilhada não apenas por nós, mas por outras pessoas do curso com quem trocamos idéias sobre a aula durante o semestre,  havia o sentimento de falta de espaço de expressão, além de uma crítica constante à forma como as discussões eram conduzidas; observava-se literalmente mais uma vontade de cada um em expor uma fala do que ouvir a posição do outro e propor algo a partir desta. Não eram feitas perguntas, a impressão passada foi a de vários monólogos sucessivos disconexos, na maioria das vezes (isto no contexto das aulas expositivas).

—- E tiveram os bons momentos também. Ouvir experiências práticas de pessoas que vivem algo do tipo foi enriquecedor, poder partilhar de alguma forma dessas histórias e lutas. Havia ali a necessidade explícita estampada, precisamos da autogestão pra funcionar, pra que as pessoas neste contexto vivam, não escolheram isto, o aspecto foi tomando contorno, se desenhando.

Quando nós pensamos no significado de grupo, gostaríamos que fosse apenas definido como mais de uma pessoa em conjunto. Porém, consultando rapidamente qualquer dicionário de bolso (PRIBERAM), podemos agregar novos horizontes de significação. Embora o primeiro e mais obvio significado seja o de ‘um número de pessoas ou de coisas que formam um todo’, ou de ‘associação’, preferimos pensar no significado de grupo como corpo o que, curiosamente, é apenas o quinto significado conotativo mais utilizado para ‘grupo’. Uma inesperada surpresa foi encontrar o sexto significado do termo sendo utilizado para designar ‘mentira’. Porém, ao nosso ver, a questão principal é que não houve em momento algum uma discussão como por exemplo ‘o que é um grupo pra você?’ ou ‘o que você espera desse grupo’, porque praticamente sempre habitamos espaço carregado de atravessamentos institucionais dentro da UFRJ, o que significa dizer que algo como um grupo, que sempre teve o significado institucional pressuposto neste ambiente, deveria necessariamente ser também resignificado, uma vez que se propunha algo nunca visto antes no Instituto de Psicologia, e que este trabalho deveria ser assumido por um grupo/corpo.

PEDRO, NÃO SEJA UMA PEDRA DE TIMIDEZ

 

           Pedro pintou a cara de pedra                                                                          

musgo e parasita

passando a ter dificuldade em

sustentar o próprio crânio                                                                       

com o pescoço

uma cabeça de 90kg

 

a cabeça pesada o trazia pra frente

então suas costas começaram a doer

– putaqueopariu, pensou Pedro,

estou com dor nas costas

 

titubeou para frente

cambaleou para trás

e visto a impossibilidade de manter-se

de pé

permitiu-se,

culminando em uma cambalhota ridícula.

assim, Pedro pedra ridículo I passou a lo-

comover-se.

 

o sindicato, então, interviu.

– Pedro pedra, isso não é jeito de andar,

isso daí é ciganagem.

as crianças não podem te ver,

e os velhos não vão te suportar.

 

Pedro padrão, subitamente desperto para

a sua posição de elemento constituinte no todo maior sindical,

tentou acender a fogueira empapada à querosene

com a ponta de seu cigarro de palha,

inutilmente porém.

Inclinado ao desespero pelas circunstâncias adversas, lágrimas brotaram-lhe nos

olhos, escorrendo até a boca e depois a barba. O medo possuiu-lhe e então lembrou-se de sua avó querida.

Uma chance em sessenta e três bilhões, lembrou-se do documentário que passou

na tv. Uma centelha surgia, e a fogueira incandesceu subitamente.

               Combustão  espontânea significa milhares de insetos desfalecidos.

Acreditamos que a ideia de corpo é essencial para pensarmos em células micropolíticas e na integração sistêmica dos corpos que constituem este corpo/grupo, pensando em consequências naturais de relacionamento organoléptico real, esta entendida como propriedade dos corpos aptos a causar uma impressão nos sentidos. Acreditamos que pensar em um corpo possibilita existir uma relação que extrapola as lógicas mecânicas das ações instituidas, possibilitando toda uma abertura ao devir e à interação interpessoal. Além disso, nos possibilita uma reapropriação do tempo/espaço em que a pessoa está inserida, necessariamente pela integração dos sentidos que atravessam como forte vetor e que nos remetem a um funcionamento orgânico, o que usualmente é mal considerado nos meios verborrágico-descritivos que a academia vitupera.

A noção de corpo quando relacionada à de órgãos, leva à prefiguração de um Organismo, o qual pressupõe Organização, no sentido de uma Unidade funcional. Enquanto conceito remonta ao Organon aristotélico. Sem dúvida um dos conceitos mais enraizados em nossas mentes e coexiste com um conjunto de outros conceitos também cristalizados e que permeiam e orientam nossas falas: Unidade, Identidade, Totalidade, Ordem, Hierarquia, entre outros, e isso, sob a égide da lógica binária e do modelo arborescente de pensar, de relação causa/efeito, evolução linear.  Este texto procurará sair da conceituação pertinente ao “mundo da representação” enquanto percepção macro (molar) e enveredar por outro caminho, ou seja, um entendimento micro, molecular, das práticas urbanas, pretendendo esboçar, na limitação do espaço disponível, que a cidade, enquanto processo de um conjunto de experiências, constrói seu “Corpo sem órgãos”.

DUREZA

 

Você até tem boa dicção, mas daí a dizer que é atriz… acho um pouco demais. E ainda mais humor, Cremilda… Fazer humor? Você facilmente poderia estar trabalhando em um banco!  

Você , Cremilda, é daquelas que poderiam ser, que poderiam ter feito alguma coisa. Mas não foi, e não será, simplesmente porquê não aconteceu. Não existe razão,lógica ou explicação. Cremilda, essa é a vida.

Se f: [a,b] -> R contínua, e mE[f(a), f(b)], existe um c e [a,b], tal que f(a) = m.

Cremilda, aprenda a matemática a vera, pois o banco lhe espera. Logo, se f: [a,b] – > R Cremilda tem razão a e lógica b, e em E[f (a), f (b)] persiste um cú de atriz… Tal que f(cc) = Martha.

Martha é a sua gerente Cremilda, e seu lugar agora é no caixa 4, onde você passará as próximas 40 horas das suas 52 semanas de seus próximos 40 anos de vida profissional. Sentada.

Cremilda deu um pinote pra trás, como se tivesse lembrado de um momento humilhante semelhante, apesar de jamais , nesta vida, ter passado por algo parecido.

 

Disse:

– Não!

 

A calcinha na cabeça. A chuva lá fora em nada inibiu sua corridinha.

 

Conclusão: IPUB!

 

Foi ser feliz no IPUB.

 

Lou(cura).

que porra de final é esse?

 

é duro fio, é duro..

 

e aonde vai parar?

 

pra onde vai a partir disso?

 

vamos terminar na lou(cura)?

 

estamos condenados a isso?

 

só espero que nao tenha parênteses..

 

Diários de Ressonância Por Thiago Colmenero

Rio de Janeiro, 19 de dezembro de 2013

Gestão de que? Da cidade, de direitos, de deveres, de espaços, de vidas. De vidas. Falar em autogestão é trazer para si a responsabilidade, ao mesmo tempo que se compartilha funções e atividades para assim construir caminhares. Plurais. Sempre plurais, nunca à direita, passando por anarquias, esquizoanálises, análises institucionais, socialismos, marxismos. Trazer perspectivas criticas para falar da historia, da cultura, da cidade, da economia, de um regime de fazer viver onde caibam mais pessoas e vozes.

Per-correr exige dois modos de presença: de um lado, uma atenção ao aqui e agora a cada detalhe exposto ao seu redor. Processos esmiuçados, muitas vezes intermináveis: GT comunicação, GT divulgação, GT didática, GT bar! Atenção dedicada a cada movimento, ação, cheiro, olhar, cor, sensação, vozes, falas. De outro lado, um desassossego provocado por aquilo que lhe é estranho – “que merda de aula é essa?” Diriam alguns. Dois modos de presença intensas e paradoxais. Como correr em um lugar que não se conhece? Como estar confortável em um lugar nunca visto antes? O que se faz presente é a ineficiência de qualquer tentativa de explicar, entender ou interpretar o que acontece. São pessoas. Não são objetos. São e não são pessoas e objetos. Processos.

Posso dizer que de largo, o mais interessante em fazer parte desse processo foi escutar, sentir e entrar nas histórias, relatos e ressonâncias dos “convidados” que quase toda semana vinham na disciplina, falando mais da segunda parte do curso. Ter dimensão do macro e da micropolítica inscrita em práticas autogestionárias cidade a fora (sejam relativas às manifestações, às moradias, ao trabalho) comunica muito bem o viés politico de se debater gestão.

Na experiência de caminhar, proposta nesse curso como método, há um processo contínuo de colheita, a partir do qual cada aula vai sendo tecida, os argumentos construídos, as ideias expostas. Fazer do caminhar um método não é coisa trivial. A escolha é proposital, por vir de trilhos da psicologia e da educação, o fio que articula as reflexões é precisamente um dos modos de como é praticada a autogestão, insto é, como é conjugado o verbo conhecer no campo da psicologia e da educação quando se encontra com o que vivemos.

Por Thiago Colmenero

Experiência de tempo para autonomia.

Muitas coisas ressoam no curso de autogestão. Me parece que outras reflexões virão. Mas a primeira delas é sobre o tempo, inclusive por ser o prazo, até hoje. Quinta feira, 19-12-2013 o dia final do nosso acordo junto com entraves institucionais da universidade.

Ainda em uma reflexão ingênua que vai nortear estudos futuros duas questões me parecem centrais. Uma boa definição pra autonomia e para a autogestão. Antes de fazer vários autores conversar esse texto vai ser feito sem uma pesquisa apurada.

A experiência de autogestão é uma busca pela organização coletiva da vida, pela criação de normas próprias de regulamentação da sua própria vida, incluindo aí o trabalho, a alimentação, o lazer, a circulação pela cidade e tudo mais que está presente no cotidiano e às vezes nem mesmo pode ser nomeado. É importante pensar que ao usar o pronome SUA, quero dizer nossa. Ou seja, se tratando de algo que diz respeito a uma esfera que inclua o coletivo e o individual. Neste sentido eu a princípio entendo a autogestão como um exercício em busca da experiência de autonomia. Claro, entendendo que a autonomia como algo que nunca vai ser pleno.

Hoje existe uma palavra que está sendo dita, repetida e reutilizada. Essa palavra é o comum. Palavra que procura uma nova síntese de valores que a afastem de muito que foi dito sobre o marxsismo e/ou o socialismo real. A experiência de autogestão envolve muitas dificuldades da construção do comum. De algo que é gerido por muito, organizado à várias mãos.

Acho que o tempo é central nessas reflexões sobre tentativas de iniciativas autogestionadas. Seja no Centro Acadêmico ou nos relatos sobre o Ocupa Rio, na construção de um curso autogestionado sobre autogestão ou na assembleia do Largo que hoje toma muitas das minhas reflexões me parece que algumas particularidades se sustentam e se cruzam.

O Negri em SP falou sobre uma temporalidade autônoma. Pra relatar esta diferença da experiência de tempo nesses espaços que buscam sua própria organização. Esta experiência temporal é uma experiência outra, de resistência que nos escancara o modo como em geral vivemos. Experiênciamos o tempo pautado por outras instituições. “Externas e internas” que nos compõem, nos atravessam, ora nos guiam, ora nos confortam.

O experiência de autogestão nunca é eficiente, quando transpomos aquilo que vivemos em um cotidiano apressado, onde o tempo é esquadrinhando e pensado em relação a sua produtividade. Esse olhar não é possível quando tentamos construir algo comum. O comum leva outro tempo, o tempo de decisão é lento, é outro. No curso acho que temos bons exemplos disso, sobre o cronograma e sobre as tomadas de decisões.

A experiência de criação do curso ocorreu de maneira corrida, pois havia as exigências da instituição. Éramos poucos, e muito empolgados. Tínhamos um prazo curto, fomos muito eficientes.

Agora toda vez que decidíamos algo no grupo maior, éramos mais lentos. Por vários motivos, e alguns deles vou me ater em textos futuros. (Talvez).

No filme sobre Oaxaca, vimos que alguns povos indígenas tinham assembleias que poderiam durar até 3 dias. Esta é uma experiência de construção de consenso que parece surreal. Ter muita gente debatendo, e pensando em ações conjuntas durante dias. A Lurdinha nos colocou quanto tempo foi preciso até que uma ação de ocupação fosse tomada, o Carlos e o Felipe, nos apontam para o tempo que demora até a construção de alternativas comuns. Entre eles há de comum o fato desse também ser o tempo da própria vida, da luta pela habitação, pelo trabalho e moradia, pela construção do seu espaço, no mato, no campo, ou na cidade. Para nós, nos restava algumas horas em um dia na semana.

Não é preciso mais de uma hora de assembleia pra se sentir cansado, às vezes tive a sensação de que o curso produzia pouco. Mas me parece que esta é uma sensação que está ligada a produto, ou fim. E acho que é importante para os processos autogestionários entenderem que o foco é no processo, não no produto. Por vezes a experiência breve de relativa autonomia já se torna um acontecimento. Quando começamos a questionar certezas antes verdadeiras como rochas, a fazermos pequenas mudanças no cotidiano, a criar ações que tornam uma instituição mais porosa, começamos a desatar fios que se entrelaçam e criam muitos nós. Que amarram nossa vida, nossos movimentos, nossas ações. Este curso certamente foi um pouco disso. Estar ali de 13:30 às 16:30, para construir um caminho comum deixa claro que a construção do comum não tem tempo. Ela dura quanto tem de durar e por isso não seja fácil.

Como diz o Negri, é uma temporalidade que envolve inclusive o gerenciamento da própria temporalidade. Por isso é tão difícil e talvez tão surreal, um curso autogestionado, uma assembleia na rua, um acampamento de fim de semana, talvez sejam alguns dos espaços que às vezes nos permitimos gerir-mos coletivamente nós mesmos. E aí temos outra experiência de tempo, que não é eficiente, que demora o tempo da criação de vínculos, de expressão de potencialidades, de organização, reflexão e planejamento das ações, de investimento cognitvo e afetivo. Essa experiência pode nos fazer pensar em todo o resto do tempo que vivemos pautados por instituições, compromissos, afetos, sentimentos, medos que nos alienam da construção do nosso próprio modo de viver. O tempo para a construção da autonomia, em meios autogestionados leva tempo, muito tempo, e quem sabe até o tempo todo da vida : )

Toni

Diário – Isabella

Diário de Ressonâncias

 

Na tentativa de criar sentidos para as experiências que vivi no curso e compartilhá-las com vocês, me pego seguindo uma direção um pouco cronológica – volto a um momento inicial de discussões, quando nos colocamos em conflito uns com os outros e com nós mesmos, em nossos hábitos institucionais. Lembro da sensação que tive, do interesse em estar discutindo os moldes da universidade com os meus colegas, muitos bem mais novos que eu, e do medo tremendo do desgaste futuro. Tivemos reuniões que duraram muitas horas e percebo que foi aí que comecei a conhecer as pessoas que habitavam aquele espaço comigo há algum tempo – só quando começamos a discordar, a concordar, a deixar o afeto aparecer. E que dificuldades surgiram daí! Quantas perguntas… Esse momento não foi compartilhado por todos que terminam o curso, mas acho que foi essencial, levantou muitas boas questões, que duram até hoje… Será que tem um limite quantitativo que permita a gestão ser realmente compartilhada¿ Como dialogar com as instituições que atravessam¿ Quais são as instituições¿ Como gerenciar o coletivo¿ Qualquer um pode entrar e sair¿ Como olhar e organizar o referencial teórico¿

Essas são questões que acompanham o curso para mim, suscitando tanto a reflexão no que diz respeito à própria construção do curso quanto no que surgiu nas práticas narrativas. Carlos trouxe a experiência do MST, uma estrutura mais organizada, que funciona por delegação e consegue dar conta da gestão de muitas familias. O Pedro, por outro lado, trouxe uma prática da Assembleia do Largo de dividir em grupos de pessoas menores, com umas 50 pessoas, para que os assuntos possam circular e todos possam participar. Nós mesmos nos deparamos com uma procura grande de pessoas pelo curso e nos deparamos com um movimento de esvaziamento…

Mais do que encerrar a questão em um motivo ou não-motivo, acho que as perguntas tem que continuar a nos fazer perguntar, nos fazer querer saber – de preferência juntos. Na sala, na chuva, no GT Bar (e na fazenda, se alguém tiver alguma…). No acampamento, no sítio, na UFF. Minha vontade é continuar juntando. Já deixo registrado, ressoando durante as férias.

Pensando sobre o curso, sobre as pessoas que chamamos para estar conosco, sinto que ficou uma falta, uma lacuna em muitos desses dias. Gostaria que tivéssemos compartilhado mais do nosso curso, das nossas impressões, do nosso estudo juntos com quem chegava. Quanto a esse espaço para convidados, acho que foi um ponto alto do curso. Sinto que tomamos um susto com a Lurdinha, que nos arrebatou com sua fala. Não conseguimos falar nada, não deu tempo… Eu fiquei encantada, hipnotizada por ela. O que ela trouxe de experiência na manuel congo me tomou. Senti a urgência da luta por reconhecimento institucional, a instabilidade de uma luta diária contra uma lógica, que se infiltra muitas vezes… Percebi na fala dela anos de trato com essas instituições que atravessam a luta pela moradia. Me chamou a atenção a complexidade da situação: como ter um posicionamento ético e ao mesmo tempo estratégico- institucional (muitas vezes essencial para a sobrevivência)¿ Penso que “é preciso estar atento e forte”. Que as reuniões são essenciais, por mais chatas que sejam. Que é necessário ter um conhecimento “técnico” para se conseguir atingir e sensibilizar as pessoas, no caso da Lurdinha, a fala precisa e coerente.

Outra questão que penso é sobre o processo de decisão coletiva. Nós acabamos seguindo a maioria, quem sabe o consenso, nas decisões do curso. Lembro que a Terra Una trouxe a necessidade que eles têm de se ter o consenso, ainda que esse seja um processo demorado. A Lurdinha também falou de consenso na ocupação, e também de algumas regras estruturais, ‘mandamentos’ seguidos por eles, que demoraram muito tempo para serem tirados. Fico pensando que a autogestão é uma construção em movimento – muito dificil de lidar.

Enfim, o que fica ainda é muito. Estou pensando bastante sobre como a gente se afeta, para saber como afetar também. Como chegar no outro? Como construir junto? Como criar um espaço em que não faça sentido ‘fazer por crédito’, um espaço apropriado por todos…

[informe GT COM] Publicação dos diários e fim do curso

– Por causa dos prazos de entrega de nomes, presenças e notas no fim do período, foi decidido em sala (12/12) que a entrega dos diários será até o dia 19, de modo a compartilhar com os demais presentes ao longo do curso essa produção. Até agora ninguém preferiu não publicar no blog, ou apresentou-o presencialmente no dia 12. Se alguém não quiser publicar, teremos de pensar em como fazer.

Foi decidido também que a nota coletiva será 10, apresentado o diário de ressonância até tal data – a presença será dada por ele também. Para a galera da extensão, é preciso informar o nome completo para ganhar o certificado.

– Quem está com conta no wordpress e virou colaborador do blog pode publicar seu diário de ressonância como um post normal. Quem não tem pode publicar – e qualquer um pode fazê-lo (a menos que tenha imagens e arquivos, se não me engano) – como comentário na aba “Diários”, que alguém do GT COM vai subir pro post fixo nessa aba, bem como publicar como post “normal”

Abraços a tod@s,
Pedro

Diários de ressonância – Júlia Robaina

Diário de ressonâncias – Júlia Robaina

Por conhecer algumas pessoas que participaram do processo de construção da disciplina, eu soube desse projeto e pude entrar como inscrição direta. Interessei-me pela disciplina por ela ser sobre autogestão e pretender funcionar de forma autogestionada, e também pelos temas que seriam abordados ao longo do curso.

Não considero que me dediquei como poderia e gostaria a essa disciplina. Acabei colocando compromissos pessoais como prioridade. Isso aconteceu não só com a matéria de Autogestão.

Considero a ideia desse curso como uma iniciativa única no Instituto de Psicologia, visto que as outras disciplinas funcionam de acordo com um modelo habitual e vertical, em que o aluno não participa do processo, do caminho. Para mim, houve falhas, o que está longe de dizer que foi um fracasso. Ao contrário, as falhas apontaram para novos caminhos e reflexões.

Em algumas aulas que estive presente presenciei discussões que me faziam sentir desmotivada e fatigada, pois as falas me pareciam repetidas, pronunciadas sem reflexão. Aí entra uma falha minha, porque eu não estava implicada o suficiente para expressar o que sentia e pensava, o que talvez pudesse colaborar para o surgimento de outras formas de discussão ou qualquer outra alternativa que surgisse em conjunto com os demais alunos.

Acho que muitas pessoas pretenderam fazer um curso que criasse uma forma outra de existir, de funcionar. Mas penso que algumas não conseguiram, talvez quando se prenderam a um formato pensado antes do primeiro dia de aula.

Apesar de ter causado um desconforto em alguns no momento de sua fala provocadora, notei que o curso ficou mais leve quando um aluno levantou a questão da importância da arte, além de ter feito outras críticas. Talvez isso tenha causado alguma tensão, mas uma tensão que permitiu uma reflexão mais honesta sobre o curso que se queria construir.

Gostei muito de algumas aulas práticas que tivemos, como a visita da Lurdinha, da Ocupação Manoel Congo. Nessa aula ela contou como a ocupação funcionava, suas lutas, algumas situações por quais passaram. E ela repetiu uma frase que ficou em minha cabeça: “eu quero botar fogo no Estado”. Não preciso dizer que achei a Lurdinha uma pessoa muito sábia, ainda mais em tempos de manifestação e repressão policial. Também gostei da visita do Pedro, da Universidade Nômade. Interessei-me pelas lutas desse coletivo, mas também da forma como ele abordou outros assuntos, como o marxismo. Os filmes escolhidos também foram ótimos.

Portanto, considero que ter passado por essa experiência foi proveitosa.

Diários de ressonância – Ian H.

Fui a poucas aulas pois achei as primeiras bem chatas. Apenas uma questão em particular: neste período eu simplesmente não suportei mais o modelo aula. Todo meu afeto estava voltado para os dois estágios. Assim, buscava – quando em textos – os assuntos que diziam respeito a eles. De certa forma, meu motivo para não estar gostando, funcionava como desculpa para não incomodar. Era um motivo, de fato, específico. Mesmo assim, imaginava quão constrangedor seria denunciar o desconforto frente aos que pareciam aproveitar. Experiência entre o desconforto de falar ou a culpa de guardar. Todavia, como disse acima, a particularidade do meu motivo funcionava como desculpa para não denunciar meu des-afeto.

Ao me imaginar nos afetos que convergiam perante a proposta da disciplina eu achava perigoso vivenciar a experiência me sentindo inteiramente responsável por ela. Sou parte do grupo mas não sou o grupo. Quando presente vi um movimento de unificação muito forte. As atividades eram acordadas e feitas pelo grupo inteiro. Evidentemente o desconforto apareceu, mesmo tendo demorado. Como permitir que a disciplina não se tornasse um único caminho percorrido por todos, mas diferentes caminhos se encontrando e desencontrando ao longo do percurso?

Das ressonâncias por aqui, ecoam alguns impulsos. De uns tempos pra cá me sinto acorrentado pelo modo de movimento industrial. Isto é, ao iniciarmos alguma atividade fica pré-estabelecido um compromisso financeiro, um compromisso com o mestre, com os horários. Três vetores que, aliados, se fortalecem e acabam por oprimir a vontade que foge aos dogmas da razão. Essa vontade espontânea de aprender, apenas por se encantar com algo. A autogestão ressoa para mim dessa forma: detesto fazer trilha com guia. Eu quero é descobrir junto, esquivar dos caminhos preparados. Quero me agenciar com pessoas queridas, abrir a mata, descobrir lugares inusitados. Dispenso o mestre, dispenso o investimento financeiro-institucional (ou seja, pagar mensalmente por uma atividade), dispenso os horários enrigecidos. Estes últimos chego a considerar, apenas, quando em grupo.
Não posso deixar de ressaltar o pioneirismo da experiência. Penso que devemos ficar atentos aos níveis de exigência. Relaxemos um pouco e analisemos o que a vivência representa. Suas ressonâncias são territorializantes. Uma disciplina engendrada por alunos. Pensada por alunos e feita por eles. Essa parte me deixa muito contente. Abraços e boas férias a todos.

Por Ian H.

Diários de ressonância – Letícia Belmiro

Diários de ressonância – Letícia Belmiro

Confesso que estou há bastante tempo pensando o que vou escrever aqui -e ainda não tenho muita certeza… Fui me distanciando da disciplina conforme o período foi passando, fato que eu não relaciono com nenhuma questão específica que tive com a própria disciplina, mas sim com os meus próprios interesses e investimentos pessoais nesse período.

Vale questionar o quanto que essa experiência de afastamento e esvaziamento permeia as práticas autogestionárias e se constitui talvez como o maior desafio destas. Sejam por quaisquer motivos individuais que cada um tenha, no final das contas, em um espaço autogestionado, quem leva realmente os projetos até o fim e fazem as coisas acontecerem são aqueles que mais estão engajados e investidos nesses projetos. Minha experiência no CAFS me diz isso e durante a disciplina creio que esse aspecto ficou bem claro também.

Seria leviano tomar o que acabei de dizer como uma crítica por si só a mim e a todos que esvaziam e já esvaziaram outros espaços também. Antes de mais nada, creio que esse maior desafio também se mostra como uma das belezas da autogestão: a liberdade de cada um de se envolver o quanto pode, o quanto quer e o quanto quer. Para cada um de acordo com suas necessidades e de cada um de acordo com suas possibilidades.

No final das contas, mesmo que ausente por mim, acredito que a disciplina atingiu seu objetivo e que foi uma grande conquista! Boas férias para nós!

Diários de ressonância – Fabille Leão

Fabille leão – Diário de ressonância.

Buscando um elemento forte ou palavra que pudesse definir autogestão.
Fato é que num dado momento, ao olhar as ruas via algo similar. Talvez! Porém a prática é o que melhor poderia definir essa composição. Também ao me inserir nesta Comuna; digo: que política não define este movimento, nosso movimento quero dizer. Que fique claro politizar e não se implicar. É não carregar algo comum. Definir-me como homem. Busca o semelhante. Seja pela “tarifa zero”, seja pelo “fome zero” ou outros movimentos. Assim a semelhança dos objetivos, a necessidade comum traz um produto prático. Necessário ao conceito de autogestionária. Capaz de unir um coletivo social.

No que define a “As práticas autogestionárias” pude elucidar muito bem a sua robustez no conceito. Suas ramificações seus engajamentos, bem como, modos naturais de definições. Definições estas que buscam suprir o básico dos mais básicos elementos que sustentam um processo de autogestão. Que é sua atitude coletiva, sua colocação em todo lugar. Trabalha dimensões excludentes, aproximando vértices distantes.

A saber, que práticas de autogestão uma vez ministrada, com públicos distintos. Quebra barreiras, definindo muito bem que polos distintos hoje são o maior conceito de autogestão. Assim, todo incomodo convoca para uma reflexão, sadia. Trazendo momentos de permeabilidade da pessoa e absorção de matéria. Vida! Movimento produzido pela ação de fora. Como a todo o momento, no curso houve uma forte reflexão quanto à diversidade social. E suas nuâncias produzidas por vozes dissonantes. Tentando marcar um lugar ou definir sua identidade. Através do pronunciamento colocando sua escrita neste local.

Vejo que um processo, autogerido pode ser feito através de elementos sociais fortes. Com elementos produzidos pela coletividade. Sendo totalmente oposicionista ao acumulo exagerado de capital. Algo que se aproxima da cooperação das partes e ou reconhecimento da igualdade humana. Não quero aqui cria um conceito, mas identificar o que não é uma práticasautogestionária.

Agradeço a todos. Admiro o entusiasmo dos docentes e dedicação.
Fabille leão C.

Diários de ressonância – Jessica Prado

Diário de Ressonância:Práticas Autogestionárias na Prática

Em primeiro lugar gostaria de colocar a minha satisfação em fazer parte desse grupo que não só me propiciou ótimos momentos de discussão e reflexão, mas também me permitiu fazer parte do processo, me deslocando de um lugar já tão dado. Nesse quase cinco anos no Instituto de Psicologia muitas vezes me vi enquanto aluna, na posição de receber o conhecimento vindo das figuras detentoras desse saber já pronto, já instituído e em um sistema já formatado. Como uma expectadora na janela de um trem, observadora das paisagens que vão passando e vez ou outra parando em alguma estação que chamava minha atenção.

Bom, nessa nova experiência vi um grupo de alunos que saíram desse lugar de expectadores e resolveram construir um novo caminho, imagino que tratando se de autogestão não poderia ser diferente. Quero elogiar não só os que idealizaram essa iniciativa, os que deram força pra a realização e também àqueles que aderiram ao curso trazendo ideias, pensamentos e ajudando nesse processo de construção/reconstrução, que a meu ver ainda continua (e que bom que continua).

Um dos motivos pelos quais me inscrevi nessa matéria foi o interesse por esse tema que anda tão falado, que surgiu a partir de uma definição de Autogestão e os meus questionamentos.
“Entendemos por autogestión el movimiento social, econômico y político que tiene como método y objetivo que la empresa, la economia y la sociedad em general estan dirigidas por quienes producen y distribuien los bienes y servicios generados socialmente. La autogestion propugna la gestión directa y democrática de los trabajadores, en las funciones de planificacion, direccion y ejecución” (Iturruspe, 1988).

Como funcionaria esse processo, não só dos trabalhadores, mas de um grupo de pessoas no planejamento, direção e execução da gestão? Hoje vivemos em uma democracia representativa, através de uma votação elegemos representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram. Esse processo é tido com o incontestavelmente a melhor forma de governo porque provê a população uma forma justa e livre de escolha. O quão livre é essa escolha, uma vez que todas outras formas de governo são tidas como injustas, tirânicas e até ditatoriais. Não seria mais uma ditadura da maioria, aonde as minorias, quando conseguem se fazer visíveis, não tem espaço para expressar sua opiniões divergentes?

Algumas dúvidas que ficam foram exatamente sobre esse processo decisório, existem outras formas de participação que não são a submissão total a uma autoridade dominadora ou um processo democratizado? E como podemos fazer uma gestão participativa? Nesse ponto a participação dos convidados externos foi fundamental, entre outras coisas, para ter acesso de como os grupos estão fazendo a sua gestão. É um processo que dá trabalho, demanda um investimento, vontade de participar e um saber ouvir do grupo, afinal não é possível se chegar a um consenso sobre tudo, mas as decisões precisam ser tomadas e as ações executadas. Podemos ver que esse processo é algo que sempre se reinventa, não é dado, é preciso construir a melhor forma de coletivizar as decisões de uma forma eficiente.

Em relação a estrutura, ausência ou presença de uma hierarquia, segundo o conceito anarquista de autogestão, “se caracteriza por eliminar a hierarquia e os mecanismos capitalistas de organização envolvidos”, mas isso não significa necessariamente uma total horizontalidade nas relações ou seja a partilha de informação e a tomada de decisão ao alcance de todos os membros. Para pensar nessa questão acho importante lembrar o conceito de transversalidade de Guattari, quando existe comunicação entre diferentes níveis e diferentes sentidos, entre vertical e horizontal, muitas vezes esse as relações transversais são inconscientes.

Outro fator que ficou muito claro a partir do depoimento dos convidados, foi o da autoanálise do processo de autogestão, algo que pareceu ser natural e fundamental para os coletivos, uma inciativa que parte de dentro e propicia um entendimento e organização (possivelmente uma reorganização).

Como foi dito nas ultimas aulas, nas quais fizemos (e ainda estamos fazendo) o nosso processo de autoanálise, esse processo é sem fim uma vez que o fim é próprio caminho. Gostaria de destacar uma frase de Vieira (2007) que é fundamental e poderia até ser um lema, “Ninguém acorda ou acordará de um dia para o outro “autogestionário””. Bem como foi visto na teoria e na nossa própria prática, é um processo de reflexão, que deve ocorre em paralelo com a prática do desenvolvimento de uma gestão que seja ideal e singular para o nosso grupo. Deve ser visto como um processo futuro, uma utopia sim, mas uma utopia concreta se valendo dos processos já passados para a visualização do futuro.

Para finalizar esse relato gostaria de salientar algo que para mim é o que há de mais fundamental na autogestão (e na vida!), o desejo. O desejo que impulsiona e que faz com que esse movimento aconteça, desejo que impede a paralisação, desejo que constrói, destrói e reconstrói, o desejo que faz o real. Graças ao desejo esse curso foi iniciado e eu desejo que continue.

Jessica Prado de Almeida Martins

Diários de ressonância – Luisa Sader

Diário de ressonância: Práticas autogestionárias
Luisa Sader Guimarães Dias 10/12/2013

“Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.”
Antonio Machado

A ideia de uma disciplina autogestionada sobre autogestão me caiu quase como uma salvação. Já há dois anos participando e vivendo todas as contradições e complicações de um espaço autogestionado, pensei ter achado a solução para os problemas e as angústias que me afligiam. Eu finalmente iria aprender o que é autogestão, finalmente ia deter o conhecimento sobre essa forma de organização tão presente e ao mesmo tempo tão estranha a minha vida. A partir disso, todas as questões se diluíriam quase que de imediato. O C.A funcionaria perfeitamente e eu aplicaria a autogestão em outros espaços da minha vida. A revolução estava iminente.

Então, vieram as primeiras reuniões e as dificuldades de se montar uma disciplina, uma ementa, uma bibliografia. Neste momento, os problemas de praticar a autogestão imersa em uma lógica hierárquica, burocratizada, cristalizada da universidade começaram a aparecer, e uma estranha sensação de intimidade me foi surgindo. Dificuldades em marcar as reuniões, em tomar decisões, em se comunicar; discussões muitas vezes prolixas; a urgência na realização de certas tarefas que estrangulavam os encontros; o desespero em relação ao número de pessoas. No meio de tantas incertezas de um curso que se formaria em seu curso e o pragmatismo galopante da vida contemporânea, finalmente, começamos a disciplina.

Mais uma vez fomos massacrados pelo tempo. A proposta da disciplina foi apresentada, os grupos tiveram um momento para pensar em mudanças e outras propostas, mas não conseguimos compilá-las e dar um direcionamento. Ficou decidido que os grupos mandariam suas propostas pro blog e na semana que vem decidiríamos. No curto (ou longo?) espaço de uma semana, muitas propostas se perderam e poucas mudanças foram efetuadas.

Uma grande aposta da disciplina foram os textos. Embebidos também pelo espírito acadêmico –sem diminuir sua importância-, as aulas eram centradas nos textos e as possíveis discussões que emergeriam destes. Acreditei na possível tentativa de captura de um conceito definido de autogestão, o que me trouxe logo frustração. Os textos não davam conta do que eu vivia e pareciam muito distantes de uma prática concreta. É claro que conseguimos traçar alguns nortes desse modo de organização. Há uma impossibilidade inerente de uma prática autogestionária que esteja a serviço de ideiais fascistas e capitalistas; autogestão pressupõe autonomia, diluição das relações de poder, autodeterminação por parte do coletivo. Mas, e aí? Há um hiato abissal entre esses conceitos e o delineamento de uma vivência autogestionada. Minha frustração e consequente falta de interesse no espaço da aula partiu de uma expectativa quase irreal que nutria dentro de mim, como se certas conceituações fossem, de fato, me trazer respostas e, além, fossem me trazer formas e modelos de exercer a autogestão.

Se os textos não atenderam às expectativas o oposto se deu com as narrativas e as assembléias. Foram muitas histórias narradas, vidas e afetos sendo expostos naquele espaço, e todos muito distintos e singulares. As formas de organização, de metodologia, de objetivo eram variadas e surpreendentes. Algumas até suscitavam a dúvida: isso é autogestão?

Por que não?

As assembléias foram também espaços muito potentes. As insatisfações colocadas -seja da metodologia do dedinhos, seja do curso, dos textos- transformavam aquele aula em um eterno devir. Quantos deslocamentos não promovemos naquele espaço? A própria aula de expressão artística, que fugia totalmente ao roteiro da disciplina e da maioria dos participantes, emergiu da assembléia.

Sem dúvida, as práticas autogestionárias promoveram rupturas com formas tão antigas e engessadas do que entendemos enquanto aula e conhecimento. Polos binários professor/aluno, teoria/prática se diluíram e se misturaram naquela dança junto com as minhas frustrações.
Ao meu ver, não é possível promover um corte e designá-lo como sucedido ou fracassado. Não passa por aí. A disciplina foi em si e para além de si autogestionada com todas as intermitências e paradoxos que essa noção me remete. De fato, não sei dizer se sairei conhecendo o que é a autogestão, mas, definitivamente, a terei vivido neste (per)curso.

Diários de ressonância – Paula Tumolo

                                                                                  Rio, 06 de dezembro de 2013

Queridxs,

            Chegamos ao fim do semestre, e é hora de olhar para o caminho percorrido e para as possibilidades futuras. É difícil traçar o trajeto percorrido pelos envolvidos nessa jornada, em parte porque, como a maioria do grupo, me inseri nesta aventura muito após a concepção do curso, e em parte também porque este caminho não foi linear, e sim um emaranhado de idas e vindas (e não haveria de ser de outra forma, já que desde o início estabelecemos que o importante fosse o caminho em si, e não a meta).

            Gostaria, em primeiro lugar, de expressar minha admiração e gratidão pelo grupo de alunos e professores que, não só deram o ponta pé inicial para a concepção deste curso, mas também trabalharam arduamente, contra todos os contratempos, para que esta ideia se tornasse realidade.

            Como já disse em sala, gostaria de refletir também sobre o quão importante foi o que fizemos ao longo do semestre, legitimando a importância e necessidade do uso do espaço universitário para falar sobre a autogestão e para quebrar certos moldes didáticos. Trazer a discussão política para dentro das salas do Instituto de Psicologia, quebrar a divisão entre os departamentos, implodir a hierarquia professor/estudante, e instigar a troca entre a prática e vivência e a teoria foram todas conquistas que devem ser reconhecidas pelos que fizeram parte dessa jornada.

            Quanto ao nosso tema, como foi já foi colocado em nossa última reunião, parece que estamos cada vez mais longe de uma resposta. No entanto, a razão disso pode ser exatamente o que vimos ao longo do semestre: Não existe uma concepção única de autogestão. Até porque, a concepção de autogestão não pode ser desvinculada da sua prática (ambas se co-constituem), e a teoria-prática é diversa porque os contextos e objetivos são diversos. Ao longo do semestre, diversas vezes nos perguntamos se isso ou aquilo era uma autogestão. Agora, parece mais claro que essa linha divisória é muito mais difusa do que eu imaginava, e que a autogestão não é um modelo político em si, mas sim um método utilizado de diversas formas, por diversos grupos, e que constitui a ideologia política daquele grupo.

            É claro que nem tudo é autogestão somente porque é horizontal, e nem toda autogestão é estritamente horizontal o tempo todo. Mas como pudemos ver, a autogestão é geralmente utilizada por um grupo social com o propósito de empoderamento coletivo, através da implicação e participação de todos sobre as decisões que afetam o grupo. Ela demanda trabalho e impõe contratempos (como pudemos experimentar), mas também cria um laço maior entre as partes do grupo e faz com que todos se sintam parte efetiva o que se constrói.

            A ideia de cursar uma disciplina sobre autogestão que fosse autogestionada nos permitiu vivenciar com maior intensidade o objeto sobre o qual nos debruçamos, olhando-o de fora e ao mesmo tempo de dentro.

            A oportunidade de ouvir os diferentes relatos e experiências, tanto dos convidados das aulas de prática e vivências quanto dos próprios membros do grupo foi inestimável. Pude refletir, ao longo do semestre, sobre ideias que tinha como certas, e que foram desconstruídas por conversas em sala e experiências fora de sala. Também pude re-afirmar concepções políticas que já trazia (tanto para mim como diante do grupo). Entendi que este é um assunto complexo, porque suscita concepções e vivências diversas, onde nem sempre há um meio-termo. Aprendi a valorizar essa diferença, entendendo que nem sempre essas opiniões irão encontrar um consenso, mas que essa diversidade é produtora. E que é de urgente importância que algumas opiniões políticas aprendam a respeitar suas diferenças, para que possam visar um projeto que é comum a elas, como é o caso dos movimentos sociais.

            Talvez o que mais tenha me impactado ao longo destes seis meses tenha sido a visita de Lurdinha. Essa conversa nos impôs a questão da diferença entre chegar a ideias políticas pela observação e reflexão da realidade social, e chegar a estas ideias porque a realidade social se impõe de forma brutal em sua vida e, sendo você o elo mais frágil dessa realidade, a luta contra uma ideologia política dominante e injusta se torna a única saída possível. A visita de Lurdinha também propôs questões sobre a diferença em acreditar em algo, e vivê-lo 24 horas por dia.

            Bom, após toda essa livre associação de ideias sobre o que foi compartilhar essa experiência com vocês ao longo dos últimos seis meses, é hora de olhar para frente, e as possibilidades são infinitas. Por isso, nosso próximo e último encontro será um espaço propício para destrinchar e planejar essas possibilidades.

Com carinho,

Paula Pimentel Tumolo

A tirania da ausência de estrutura

Pessoal,

no último encontro o Carlos, um dos convidados, falou do texto A tirania das organizações sem estrutura. Resolvi fazer uma investigação e conhecer o texto. Encontrei o texto original em inglês, um comentário sobre sua autora (Jo Freeman aka Joreen) e a tradução para o português. Vocês verão que há algumas diferenças na tradução se comparada ao original (mas sempre há).

SEMANA DE MÍDIAS LIVRES : ESC + Copyfight + Encontro de Rádios Livres

A partir da convergência de diferentes encontros sobre tecnologia e comunicação (ESC, Copyfight e Encontro de Rádios Livres), a Semana de Mídia Livre traz cinco dias de programação intensa com debates e oficinas sobre democratização da comunicação, rádio digital, táticas de anti-vigilância na rede e muito mais.

A Semana começa com o II ESC, que põe em pauta a decisão do modelo de rádio digital que será adotado no país. O Brasil ainda não definiu este modelo e corre o risco de ceder às pressões da grande mídia, escolhendo um padrão que praticamente inviabiliza a existência de rádios livres e comunitárias. Por outro lado, há um modelo aberto (DRM) que traz diversas possibilidades e vantagens para a mídia livre. As implicações técnicas, sociais e políticas do rádio digital no Brasil será o foco desta segunda edição do ESC.

No dia 27 de noite, a abertura do Copyfight na Rádio Interferência debaterá a produção do sujeito terrorista no Brasil, Colômbia e Palestina, com os coletivos Rio40Caos e Antena Mutante. No dia seguinte, o Copyfight vai para a Casa Nuvem, onde teremos uma oficina de criptografia e anti-vigilância na Internet. Na sexta (29), voltamos à Interferência para a oficina de espectro livre, abordando rádio digital e redes wifi autônomas, e já emendando com a programação do Encontro de Rádios Livres, que também ocorre na Praia Vermelha, na parte da noite, com o lançamento do documentário sobre da Interferência, exibição de curtas e música.

Para fechar a semana com chave de ouro, no sábado (30), o Encontro de Rádios Livres traz OCUPA CAMPUS invadindo a Praia Vermelha com apresentações artísticas, oficinas e debates em geral. Traga sua arte, sua música, divida seu conhecimento e participe!

confira os sites dos eventos >>

ESC – Espectro Sociedade e Comunicação, 26 a 28 de novembro, na PUC-RJ
http://www.conferences.telemidia.puc-rio.br/esc2013/

Copyfight, 27 a 29 de novembro, na UFRJ e Casa Nuvem
http://www.copyfight.in/

Encontro de Rádios Livres, na UFRJ, 29 e 30 de novembro
encontro.radiolivre.org
http://wiki.radiolivre.org/Encontros/EncontroRio2013

programação completa:

terça // 26
09h00 – ESC
A academia nacional e os Sistemas Brasileiros de TV e de Rádio Digital: oportunidades e estratégias.
10h50 – ESC
Os novos paradígmas da radiodifusão digital: Demonstração de utilização do padrão Digital Radio Mondiale com o middleware Ginga para transmissão de rádio digital.
14h30 – ESC
Direito à Comunicação e Digitalização – Repensando as leis dos meios no Brasil e na América Latina

quarta // 27
09h – ESC
Interatividade e inovação no Rádio Digital
14h30 – ESC
Rádio Digital na prática: Uso de multiprogramação e interatividade. Oficina de desenvolvimento de aplicativos interativos para Rádio Digital usando o Ginga e explorando possibilidades de uso da multiprogramação
16h30 – ESC
Grupos de Trabalho
GT-01
Implementações abertas de rádio digital, rádio digital nas distintas bandas de radiodifusão (OM, OT, OC e VHF), canal de retorno e o rádio como meio de difusão de conteúdo digital.

GT-02
Espectro Livre e o novo marco legal das comunicações no Brasil

19h30 – COPYFIGHT na Interferência
Abertura do Copyfight e debate “Novas Fronteiras de Controle: a produção do sujeito terrorista no Brasil, Colômbia e Palestina” com Rio40Caos e Antena Mutante (Colômbia)

quinta // 28
09h – ESC
Regulamentação, uso e compartilhamento do espectro
14h00 – ESC
Apresentação do resultado dos GTs
16h30 – ESC
Mesa de encerramento e produção da carta da conferencia endereçada ao Conselho Consultivo do Rádio Digital (CCRD) – MINICOM
19h30 – COPYFIGHT na Casa Nuvem
Criptografia e anti-vigilância na Internet com Silvio Rhatto (Saravá)

sexta // 29
17h – COPYFIGHT na Interferência
Espectro livre: rádio digital e redes wifi autônomas com Surian (Redes Livres) e Rafael (MUDA)

20:30 – Encontro de Rádios Livres (Auditório da CPM/ECO)
Exibição de filmes de rádios livres e lançamento do documentário da Interferência

22:00 – Encontro de Rádios Livres (Interferência)
Discotecagem coletiva e confraternização

sábado // 30
14 horas – Encontro de Rádios Livres (UFRJ)
#OCUPACAMPUS
O campus da Praia Vermelha fica deserto aos sábados. O coletivo da Rádio Interferência tem resistido com oficinas ou encontros e vem convidar os coletivos autônomos e horizontais a ocuparem a UFRJ com ações, intervenções, oficinas, debates, et alii.
Retransmissão para a Colômbia pelo Radiolibre.co
Rádio Interferência aberta para programação coletiva
14h00 Oficinas | Abraço | Fuga | Estêncil | Transmissão ao vivo de manifestações (RioNaRua)
15h00 Captação de voz e edição de vinhetas das rádios livres
16h00 Debate sobre a escolha do padrão brasileiro para o Rádio Digital
17h00 Devir-Bola + Futebol e Anarquia | Prática no Campinho
18h00 Oficina de Rádio Digital
19h00 Projeção dos vídeos das rádios livres
20h00 Discotecários das rádios livres
Retransmissões, performances, intervenções, estripulias, ações em geral

Mais informações em: https://espectrolivre.milharal.org/

Recado do pessoal que está organizando a aula do dia 14/11

Pessoal,
Pra aula de amanhã vamos testar um dispositivo pedagogico antes do inicio da aula expositiva. o tempo pre-aula, de 13-13:40h tem sido bem ocioso, por isso vamos testar uma ideia. Utilizar esse tempo para passar um video provocativo. Sera um documentario sobre Tosquelles e a clinica de Saint Alban, percursores cruciais da analise institucional. não queremos utilizar o tempo de aula para passar o video, então vamos passar antes. Quem puder chegar as 13h vai poder aproveitar esse momento tb! 
inte!

Felix

Calendário atualizado

Segue o calendário previsto para as próximas aulas, conforme decidido na assembléia do dia 7/11.
14/11 – Aula expositiva de Análise Institucional a partir de textos compilados (já estão disponíveis no site)

21/11 – Terra Una + MST [a confirmar]+ CAFS [a confirmar]

28/11 – Norte Comum + Aula sobre arte [a confirmar]+ “experimentação artística ”

5/12 – Rádio Interferência + Universidade Nômade [ a confirmar]

12/12 Avaliação do curso

Referências da aula do dia 14.11.2013

No link abaixo está a compilação de textos para a aula expositiva do dia 14/11

Textos selecionados Analise Institucional e Autogestão

Nota do Felix:

“Pessoal, aqui esta o texto pra proxima aula. Esta dividido da seguinte maneira:A primeira parte são trechos que recortei do compêndio de analise institucional sobre autogestão. Depois vem um capitulo do livro Caosmose em que Guattari fala da experiência de La Borde. E as ultimas paginas são alguns verbetes que achei mais interessantes do compendio tambem. Eh um ‘guia’ para entender um pouco de autogestão, analise institucional e fazer operar esses conceitos em um campo concreto. Se estiver longo, recomendo focar a leitura no texto do Guattari, ‘praticas analiticas e praticas sociais’, mas pra quem tiver tempo eh muito bom ter a leitura desses dois autores. Divirtam-se”

Cine Comuna Amarildo – 2ª sessão

Em meio às discussões quentes acerca das manifestações e dos modos de resistir no contemporâneo, propomos este filme para abrir o debate com relação às estratégias de lutas, mídia e produção de subjetividade. “No” é um filme que nos conta a história dos bastidores do plebiscito ocorrido no Chile em 1988 sob a ditadura de Pinochet, em que a população votaria SIM ou NÃO à permanência do ditador no poder. Um filme intrigante e com uma fotografia belíssima que vale a pena ser visto tanto em termos artísticos como históricos.

Esperamos vocês para a sessão-debate!

Filme: “NO”. Chile, 2012, 118m. Direção Pablo Larrain
Local: sala 9 do Instituto de Psicologia da UFRJ, Av. Pasteur, 250, Pavilhão Nilton Campos, Campus Praia Vermelha.
Dia: 5ª feira, dia 7/11 às 17:00

no

Referências da aula do dia 7.11.2013

Pessoal, seguem os capítulos que estavam como sugestão de leitura para o próximo encontro (mudou alguma coisa?).

DELEUZE, G. E GUATTARI, F. Mil Platôs, volume 5. São Paulo: Editora 34. Proposição 1 4 do capítulo 13. 7000 a.C. – Aparelho de Captura (páginas 97-156).

GUATTARI, F. (1981) Revolução Molecular. São Paulo: Brasiliense. Capítulos: A transversalidade, Micropolítica do Facismo, A autonomia possível, O capitalismo mundial integrado e a revolução molecular.

Coloquei o livro inteiro do Guattari mas também já separei os capítulos, caso não queiram/consigam baixar tudo.

Relato do encontro do dia 24.10.2013

Nesse encontro de Práticas & Narrativas contamos com a participação da Mayara, para falar da experiência da Assembléia do Largo, e de Alessandro, falando da experiência da Frente Independente Popular. Os participantes apresentaram os movimentos/coletivos dos quais fazem parte, falando um pouco do histórico de surgimento, forma de funcionamento e objetivos. Em seguinda, foram debatidos temas como: métodos de diálogo e ação dos coletivos, falência do modelo baseado em representação, sentimento de unidade como o que mantém os coletivos apesar das divergências internas, dificuldade de ter um consenso entre todos os membros do coletivo, caminhos para a revolução, infiltração e vigilância policial dentro dos coletivos, o papel da psicologia no promoção de práticas autogestionárias (e a parte que cabe à análise institucional e/ou à esquizoanálise nisso) e seletividade da democracia segundo classes sociais.

Depois de cerca de duas horas de debate, entramos na discussão dos grupos de trabalho. Ficou definido que no próximo encontro (31/10) iremos manter parcialmente a assembléia prevista, para que aqueles que não tiveram a oportunidade de participar da última (realizada por necessidade sentida no encontro do dia 17/10) tenham a oportunidade de se manifestar e trazer suas questões. Nesse dia, o texto previsto acabou não sendo propriamente discutido. Também sentimos falta de uma discussão mais dedicada aos textos sugeridos para o encontro de hoje. Considerando essa como uma lacuna, foi decidido que a bibliografia dos dias 17 e 24/10 deverá ser retomada na primeira metade do próximo encontro (31/10). Com relação à distribuição dos textos entre as pessoas, achamos que seria importante que cada texto tivesse pelo menos uma pessoa responsável por trazer seus principais argumentos para o debate. Essa distribuição será feita espontâneamente por afinidade das pessoas com os textos. Além disso, foi modificado o calendário, ficando o dia 21/11 para Práticas & Narrativas. Para esse dia eu devo confirmar a presença de um participante da ecovila Terra Una e de uma cooperativa de produtoras de pão de Duque de Caxias. Decidimos deixar em aberto se a programação deveria ser invertida (deixando para o dia 28/11 a assembléia prevista para o dia 21) ou modificada (ficando três P&N em sequência, devido à proximidade com a assembléia final), para ser discutido ao longo dos próximos encontros a necessidade de duas assembléias tão próximas (uma no dia 28/11 e outra no dia 12/12).

Cineclube no curso

Cine Comuna Amarildo

Pessoal, convidamos vocês e aqueles que vocês julguem interessados para a primeira sessão do Cine Comuna Amarildo.
Local: sala 9 do Instituto de Psicologia da UFRJ, Av. Pasteur, 250, Pavilhão Nilton Campos, Campus Praia Vermelha.
Dia:  5ª feira, dia 17/10 das 17:00 às 20:00h.
A proposta é criarmos um espaço de debate aberto aliando cinema às temáticas que vem emergindo no curso e também fora dele. Com isso, poderemos ampliar nossas discussões através de encontros que conjuguem arte, políticas, resistências e história, mas sem nunca tirar nossos pés do presente e do que o contemporâneo vem produzindo nesse termos. Portanto, o convite não se limita aos integrantes do curso, mas a todos aqueles que possam se interessar em estar junto para mais essa conversa.
1. Un pouquito de tanta verdad. EUA, 2007, 93min. Direção: Jill Irene Freidberg
Sinopse: “O que em maio de 2006 começou como uma greve de professores por melhores salários e condições sociais, termina em uma rebelião popular sem precedentes no Estado de Oxaca, ao sudoeste do México. Surge um movimento social que durante meses se manifesta (…) em centenas de barricadas nas ruas, ocupando edifícios municipais, governando a cidade de forma autogestionada e pedindo a destituição do (…) governador Ulises Ruiz Ortiz.
Em uma compilação de entrevistas, os protagonistas desta luta nos contam o desenvolvimento dos acontecimentos e suas motivações políticas. A tomada de 14 mídias de rádio e televisão tem um papel crucial na luta. Esses meios nas mãos do movimento se convertem no principal instrumento de informação, de coordenação e de defesa de uma luta por justiça social, cultural e ecônomica.
Movimento que ganha a denominação de ‘La Comuna de Oxaca’ se vê confrontado por uma repressão sangrenta que nos recorda as ditaduras latinoamericanas dos anos 70.
Un Poquito de Tanta Verdad intenciona integrar o material audiovisual de diversos jornalistas independentes comprometidos com a luta. O resultado é um relato íntimo e impressionante, de um tremendo valor histórico.”
comuna-1-3

Referências para a aula do dia 26 de setembro

Carxs, conforme combinado, listamos algumas referências sobre os convidados que estarão conosco na aula do dia 26 de setembro. 

(obs. Até o momento só temos confirmada a presença da Lurdinha da ocupação Manuel Congo.)

Preparação da aula do dia 12.09.2013

Caros,

publicamos o relato da aula do dia 05.09.2013 e tornamos acessível pelo blog as referências para a aula de amanhã.

Dos seis grupos constituídos na primeira aula para preparar propostas para o curso, apenas dois enviaram as referidas propostas. Assim, temos o seguinte material:

Grupo 1 (clique para ter acesso)
Grupo 2 (clique para ter acesso e leia o comentário ao post)

O GT comunicação ficou com a tarefa de organizar as propostas enviadas. Na situação atual não temos muito o que fazer. Peço que os restante das propostas sejam remetidas na forma de comentário para que possamos efetivamente encaminhar a dinâmica do restante do curso.

Sugestões de um grupo sobre estrutura e dinâmica do curso

Aula 1 do curso Práticas autogestionárias
Proposta do grupo Alessandra, Bruno F.,  Francisco, Isabella, João, Karoline, Laura B., Rafael

Os grupos foram formados para debater as propostas do curso e apresentar encaminhamentos.

Este grupo dividiu o debate em quatro tópicos:

1. estrutura,
2. sugestão de referências,
3. dinâmica,
4. avaliação, participação, presença.

1. Estrutura da proposta atual e sugestão de nova estrutura.

Reconhecendo como um risco da proposta atual a reificação de teorias e perspectivas (marxismo, anarquismo e análise institucional) na reflexão sobre autogestão consideramos que a percepção deste risco pelos participantes pode com facilidade dilui-lo no debate, pela mistura de textos com referências variadas e pelo cruzamento de perspectivas na contextualização histórica.

Encaminhamentos:

1.1. buscar uma reflexão mais histórica;
1.2. ter como meta do curso construir um genealogia da autogestão. O uso de dispositivos redutores com finalidade didática seria um meio para elaborar esta genealogia desde que estejamos atentos ao debate importante hoje. Colocando na forma de uma questão: em que e o que a Comuna de Paris problematiza a autogestão hoje?

2. Sugestão de referências para o curso.

Vimos principalmente as referências sobre Análise Institucional que foram consideradas básicas e adequadas.

Sobre anarquismo vermos as produções do nu-sol especialmente a revista Verve.

Sobre a parte das narrativas consideramos que convidar seria ótimo ainda que não tenhamos sugerido ninguém. Consideramos, entretanto, que podemos convidar os próprios participantes envolvidos com autogestão a relatar experiências conectadas aos textos debatidos.

Propomos filmes a serem apresentados, 1 por mês, em horário extra-classe (nas últimas quinta-feira do mês, 18 horas, na sala 2) e seguidos de debate.

Filmes propostos: Der Baader Meinhof Komplex, Noviembre, Edukators, Ensaio de orquestra.

3. Sobre a dinâmica do curso.

Que não seja uma aula expositiva no estilo mestre expositor.

Ler os textos e priorizar o debate.

Valorizar o espaço de experimentação propriciado pelo curso.

Elaborar disparadores para fomentar o debate indicando alguém (indivíduo ou grupo) para ficar responsável pela formulação destes dispositivos.

4. Avaliação, participação, presença.

Cuidar para não produzir segmentação entre os grupos (inscritos via extensão e no curso regular) diferenciando avaliações.

Movidos pelo problema de quem será o avaliador sugerimos atividade de construção de texto ao longo do tempo com debates.

A avaliação, restrita a uma pessoa ou coletiva, consiste na elaboração de um artigo/texto cujos objetivos seriam estabelecidos pelo indivíduo em questão (pessoa ou grupo). Outros grupos fariam a leitura, revisão e sugestões até chegar a um acordo. Os textos poderiam versar sobre as referências do curso, o relato de experiências e de eventuais visitas feitas ao longo do curso.

Ao final, poderíamos empreender a produção de uma publicação para divulgação e compartilhamento da experiência com um público mais amplo.

Referências para a aula do dia 12 de setembro

Carxs, listamos abaixo os textos para a aula do dia 12 de setembro de 2013 com os links para acesso ao material.

CONSTANT, Benjamin. “A liberdade dos antigos comparada à dos modernos”. In: Filosofia política 2. Porto Alegre: L&PM, 1985, p. 23.
HUBERMAN, L. Capítulo XII. Deixem-nos em paz! (p.143-154) em ________ História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
MELLO, L. I. A. John Locke e o individualismo liberal. In WEFFORT, F. (Org.) Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 2000.

 

Relato da reunião da disciplina Práticas Autogestionárias 29.08.2013

A reunião tinha como objetivo uma tarefa pragmática – efetuar o sorteio das vagas para a parcela dos integrantes da extensão –, e três pontos para discutir – 1. delimitar o programa, 2. pensar possíveis avaliações para os estudantes do curso e 3. finalizar um cronograma para o curso. Iniciamos pelo último ponto e a proposta anterior de calendário anterior (ver último relato), organizado em três eixos, foi problematizada. Francisco lembrou que a primeira configuração do programa foi elaborada com os seguintes blocos: a) genealogia dos processos de autogestão, b) referenciais teóricos e c) narrativas, práticas e experiências de autogestão. Comparando-os com os eixos atuais, percebemos que havíamos condensado os blocos a e b em nosso primeiro eixo e fragmentado o bloco c em outros dois. A partir desta análise, decidimos estender o número de aulas do primeiro grupo “Material teórico” uma vez que contempla a parte genealógica e os referenciais teóricos e reagrupar os eixos “Autogestão e contemporaneidade” e “Práticas e Narrativas” renomeando-o “Narrativas e Práticas”. Em seguida alteramos o calendário (exposto ao final deste relato).

Ainda sobre o programa, surgiu uma controvérsia sobre os itens no primeiro bloco (Autogestão e Marxismo, Autogestão e Anarquismo, Autogestão e Análise Institucional). Estaríamos reificando as categorias que queremos desconstruir, ou utilizá-las seria uma forma de pôr em evidência as contradições deste esquema? Seria necessário escolher os textos nos baseando nas categorias, ou sua força e importância independem das categorias? Estas questões não foram respondidas.

No que tange à primeira aula, Bruno Pizzi apresentou uma proposta sólida e bem articulada, acrescida de sugestões de Fernando Gastal, Arthur Arruda e Arthur. Por votação unânime aceitamos a proposta e pedimos que a enviasse por escrito, com as referências dos textos e uma breve descrição do objetivo da aula. Este documento em breve será anexado ao blog.

Com a primeira aula definida, restava pensar a programação dos meses seguintes. No intuito de manter o formato autogerido do curso, Francisco Portugal propôs que o programa da disciplina fosse construído no decorrer da disciplina. Utilizando esta proposta como disparador, os integrantes da reunião se dispuseram a uma ampla discussão sobre: as possibilidades de se elaborar o roteiro das aulas, como operar essa construção mantendo-a aberta a interessados, sem cair na diluição das responsabilidades. Após muita deliberação, elaboramos algumas diretrizes:

  • o GT* Processo (ou didática) elaborará – tendo quarta, dia 04, como prazo limite – um programa preliminar, indicando os textos, os responsáveis por sua apresentação, etc. Seguimos sem a certeza de que reservaremos uma parte de cada encontro para as atividades deste grupo de trabalho.
  • este GT, concebido como uma atividade inerente ao curso, poderá ao longo de seus encontros e com o aporte de demais integrantes, repensar e reconfigurar a estrutura programática.

Para finalizar a reunião, partimos para o sorteio das vagas. Houve 45 inscrições pelo SIGA e 50 interessados em se inscrever no curso de extensão. Dos 50 interessados, 46 enviaram suas propostas pelo formulário de inscrição para o email do curso e 4 pessoas não seguiram este procedimento. Como acordado em encontros anteriores, as vagas não preenchidas por inscrição pelo SIGA foram transferidas para a extensão. A ampliação do número de vagas para extensão nos poupou a tarefa do sorteio e a consequente exclusão de interessados. Desencadeado por este ponto, reiteramos a preocupação com a estrutura: estamos alocados na sala 09 do IP, tendo como alternativa a sala 08. Não obstante, foi consenso que com o número de pessoas citado, talvez haja necessidade de outro espaço.

Fechando o relato, lembro que o ponto “avaliação” não pôde ser discutido pelo avançado da hora. Atualizo também o quadro dos GT´s, a lista de presentes e como ficou o calendário com suas modificações

  • GT Processo e/ou didática: Antonio Costa, Clara Buoro, Clara Camatta, Luisa Sader, Bruno Pizzi, Bruno Foureaux, Fernando Gastal, Franscisco Portugal, Pedro Legey.
  • GT Comunicação: Francisco Portugal, Bruno Foureaux, Pedro Legey, Isabella Almeida.

Presentes: Francisco Portugal, Arthur Arruda, Pedro Legey, Aymara Fernández, Karoline Ruthes, Clara Camatta, Bruno Foureaux, Fernando Gastal, Clara Buoro, Bruno Pizzi, Ruan Rocha, Luisa Sader, Isabella Almeida, Arthur.

Calendário do curso:

Setembro

5 – Assembleia.
12 – 1. Material teórico.
19 – 1. Material teórico.
26 – 1. Material teórico.

Outubro

3 – JIC (Jornada de Iniciação Científica – Não haverá aula.
10 – 1. Material teórico.
17 – 1. Material teórico.
24 – 1. Material teórico.
31 – Assembléia.

Novembro

7   – 2. Práticas e narrativas.
14 – 2. Práticas e narrativas.
21 – 2. Práticas e narrativas.
28 – 2. Práticas e narrativas.

Dezembro

5 – 2. Práticas e narrativas.
12 – Avaliação do curso
19 – Dia reserva.

Breve apresentação do curso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA

Práticas autogestionárias, IPW050
Quinta-feira, 13h-16h30 – Sala 9

Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2013.

Carxs participantes do curso Práticas autogestionárias,

elaboramos esta apresentação para que todos tomem conhecimento da proposta do curso e das atividades já realizadas até este momento. A leitura deste texto constitui ação importante para integração de todxs nesta proposta de autogestão.

Breve apresentação do curso Práticas autogestionárias

1. A proposta inicial e o histórico de encontros.

1.1. A proposta inicial, formalizada em maio de 2013, foi criar um curso na grade de disciplinas do Instituto de Psicologia da UFRJ para estudar e praticar autogestão. A ideia foi elaborada por estudantes de graduação que convidaram professores para, juntos, construir o curso.

1.2. O aspecto inovador da proposta é autogestionar um curso. Pretende-se realizar um curso sobre autogestão de forma autogerida. Tal empreendimento, notamos de imediato, implica inovações na construção coletiva de um programa, da dinâmica de aulas, do cronograma, uma profunda alteração na relação professor/estudante entre outros aspectos ainda não mapeados.

1.3. Enfatizamos a aposta de que o curso se configurasse como uma disciplina formalizada no Instituto de Psicologia. Tivemos então que elaborar um programa de curso para submeter à aprovação dos Departamentos e da Congregação, cadastrar a disciplina na secretaria da Graduação com um código interdepartamental e incluí-lo na grade de disciplinas de 2013.2. Todos estes passos empreendidos ordinariamente por professores contou com a participação de estudantes interessados e cumpriu o cronograma e as etapas regulares estipulados pela Universidade.

1.4. Para que o curso saísse do campo das ideias, viesse a ser implementado na grade regular do Instituto de Psicologia e divulgado, houve um trabalho realizado ao longo de meses (de maio a agosto) composto por reuniões, comunicados, elaboração de programa, lista de interessados, divulgação, conhecimento da burocracia do Instituto de Psicologia e ações para tramitação da proposta. Reconhecendo o trabalho realizado e considerando importante a exposição às novas pessoas que não participaram desse processo inicial, este documento foi elaborado para divulgação e – aspecto mais importante – horizontalização das relações.

1.5. O número de vagas foi inicialmente planejado em 45 mas, recentemente, analisando a demanda decidimos dobrá-lo. Tal alteração foi objeto de amplo debate porque consideramos que o número de participantes pode dificultar a autogestão. Decidimos não nos render a esta possível dificuldade e empreender o curso com este número de participantes.

2. A dinâmica proposta para o curso

Ao longo dos últimos meses de trabalho para construir o curso empreendemos diversas atividades, elaboramos alguns produtos (sujeitos a transformação) e identificamos algumas dificuldades.

Elaboramos um programa de curso, criamos um blog e grupo no FB, fizemos algumas reuniões. O programa do curso foi criado no mesmo dia em que a proposta foi apresentada e o convite foi feito para os professores e tal rapidez deveu-se às exigências da burocracia do Instituto de Psicologia e da universidade. O programa foi divulgado no blog, criado logo após, e foi objeto de significativas complementações temáticas e de referências bibliográficas e de outra natureza. A agilidade inicial foi acompanhada de certa morosidade nos meses seguintes em decorrência, julgamos, do aspecto inusitado do curso e de nosso cotidiano já intenso.

Percebemos, por exemplo, como convocar, participar e deliberar nas reuniões era trabalhoso. Havia dificuldades em marcar dia, em participar, em deliberar e divulgar as deliberações. O funcionamento em assembleia de todas as reuniões também impunha dificuldades na implementação das ações. Decidimos em certo momento – premidos pelo início do curso – em distinguir modos de funcionamento das reuniões e consideramos importante criar grupos de trabalho (GT) para operacionalizar as deliberações. Decidimos que as deliberações serão feitas em assembleias, mas as ações serão implementadas por grupos abertos que se configuram ad hoc. Os grupos são abertos e devem realizar as atividades programadas, estando sujeitos a reconfigurações.

Existem atualmente dois grupos, a saber, GT Comunicação e GT Processo. O GT Comunicação, composto por Bruno Foureaux, Francisco Portugal e Pedro Legey, deve aprimorar as formas atuais de comunicação, acompanhar as comunicações ao longo do curso e organizar o histórico do curso. O GT Processo, com quadro vasto e ainda por se definir, organiza a proposta pedagógica do curso, seus processos e seu cotidiano.

Apresentamos uma proposta de programa de curso prevendo dias para deliberações em assembleia e aulas regulares. Tal proposta será apresentada em seu primeiro dia e está sujeita a modificações conforme decisão coletiva.

3. A comunicação

O GT comunicação empreenderá suas comunicações preferencialmente pelo blog do curso – https://praticasautogestionarias.wordpress.com – e por meio de folhetos e mensagens eletrônicas. É de vital importâncai que todxs xs inscritxs no curso acessem o site e se cadastrem como seguidorxs (basta acessar o site e clicar no canto direito inferior da tela o botão “seguir”), facilitando a circulação das informações e decisões. Esta ação fará que toda postagem seja comunicada a todxs, entre outras possibilidades.

Reproduzimos abaixo o link do relato de um dos participantes que discorre sobre os primeiros passos deste projeto.

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Relato da reunião da disciplina Práticas Autogestionárias 22.08.2013

Começamos a reunião com o informe do Francisco, sobre a sala da disciplina. Ao alocar um sala do condomínio fora do Instituto de Psicologia para uma disciplina, o SIGA “trava” a inscrição ao atingir a lotação. Inicialmente havíamos estipulado 45 vagas daí a reserva da sala 8 do anexo da Escola de Serviço Social. Uma vez que ampliamos o número de vagas para 90, Portugal, conversando com Fred, encontrou a sala 09 do Instituto de Psicologia disponível, com capacidade de 50 alunos permitindo a abertura de 29 inscrições pelo SIGA considerando as 21 inscrições diretas já efetivadas. Entretanto, somados os alunos de extensão e de inscrição direta, ultrapassamos em muito a capacidade máxima da mesma: 55. Estamos atualmente na busca de outros espaços, como a sala 02, 07, 08 do IP, ou um dos auditórios da Escola de Serviço Social, ou o próprio Teatro de Arena. Após este informe, levantamos pontos de discussão e suas respectivas propostas.

Sobre as atividades do Grupo de Trabalho (Metodologia, Processos e afins) entendendo que as ações do GT serão concomitantes à própria disciplina e que elas fazem parte do próprio processo da disciplina, foi sugerido que destinássemos uma parte do tempo de aula para o encontro do GT. Neste sentido, das 13:00 às 15:30 teríamos aula normal; e das 15:30 até as 16:30 reservaríamos para o GT. Não ficou claro se esta separação teve consenso.

Sobre o material da apresentação da disciplinaBruno Pizzi apontou para a discrepância em que se encontrarão os alunos a) que estiveram construindo a disciplina desde o começo (junho de 2013), b) os que entraram no meio do percurso (julho e agosto de 2013) e c) os que vierem por meio das inscrições (SIGA e extensão). No intuito de nivelar estas posições e horizontalizar o conhecimento da disciplina, foi proposto que elaborássemos um texto relatando seu histórico, suas “condições de possibilidade”, sua idealização, seu trajeto, etc.  Além de conter o relato do Antonio Costa publicado no blog (como uma possível fonte de material), o texto incluiria também o programa da disciplina e tudo que contribuísse para uma contextualização. O GT comunicação, composto por Bruno, Francisco e Pedro, ficou responsável por coordenar esta atividade.

A fim de que tenhamos conhecimento dos participantes, estabelecemos que solicitaremos aos inscritos – por meio de um formulário – que apresentem as razões de sua participação no curso e sua experiência com autogestão. O GT comunicação elaborará um formulário e enviará para todos os inscritos e interessados e compilará as informações para que sejam acessíveis pelo blog e levadas ao primeiro dia de aula.

O que deveria estar presente no 1º dia de aula objetivo principal desta reunião, listamos os itens que comporiam o programa de nosso primeiro encontro. Os “pontos guia” eram: apresentação do curso, texto relatando o percurso da disciplina (citado acima), calendário, textos (quais seriam) e xerox (onde estariam), a inserção de todos os integrantes no blog – como seguidores – e uma apresentação do mesmo, haja visto que decidimos utilizá-lo como único veículo da matéria.

A dinâmica da apresentação cientes de que havia muito que fazer em pouco tempo, nossa preocupação voltou-se a como organizar os itens propostos. Clara Camatta sugeriu uma divisão do encontro em dois momentos e após demarcarmos seus limites, a proposta foi acolhida por unanimidade. Segue abaixo um esboço do programa:

1º Momento (13:00 as 14:30) – apresentação do curso; apresentação dos integrantes; apresentação da proposta do curso e do blog.

2º Momento (14:30 as 16:30) – divisão da turma em pequenos grupos para a discussão do percurso que faremos; assembleia geral para decidir o percurso.

Quanto à avaliaçãoeste item gerou muito debate mas nenhuma proposta foi acatada e consensuada.

O calendário neste momento, já com o avançado do encontro, faltava fixar as datas das assembleias, o número de aulas para cada eixo* e a relação deste formato com a avaliação, ainda por decidir. Para melhor visualização, iniciamos com uma visão geral das datas disponíveis no semestre. Reconhecemos que estávamos cansados e julgamos que melhor seria parar naquele ponto, postergando as questões pendentes para a próxima reunião. Desta forma, o calendário  abaixo serve como base e apresenta lacunas devendo ser novamente manipulado.

Setembro

5 – Assembleia.
12 – 1. Material teórico.
19 – 1. Material teórico.
26 – 1. Material teórico.

Outubro

3 – JIC (Jornada de Iniciação Científica – Não haverá aula.
10 – 1. Material teórico.
17 – 1. Material teórico.
24 – Assembleia.
31 – 2. Autogestão e contemporaneidade.

Novembro

7 – 2. Autogestão e contemporaneidade.
14 – 2. Autogestão e contemporaneidade.
21 – Assembleia.
28 – 3. Práticas e narrativas.

Dezembro

5 – 3. Práticas e narrativas.
12 – Assembleia.
19 – Dia reserva.

* blocos que servirão para delinear o caminho do curso – ainda que propenso a alterações.

 O que ficou para a próxima reunião rever o calendário, definir o conteúdo programático e a avaliação da disciplina.

Presentes: Ruan Rocha, Rodrigo Bodão, Bruno Pizzi, Clara Camatta, Francisco Portugal, Thiago Colmenero, Arthur Arruda, Bruno Foureaux, Antonio Costa, Clara Buoro, Rudy Gertners, João Batista, Will Penna, Natasha Iane, Pedro Legey.

Ata da reunião do dia 15 de agosto de 2013

Práticas Autogestionárias – Ata da reunião de 15/08/2013

Relator: Saulo Pereira Araújo

Aquilo que é acordado em grupo deve ser “respeitado e levado para frente” mesmo que todos não hajam estado presentes na “reunião” e não tenham participado dessa decisão anterior e queira problematizá-la posteriormente….

O número de vagas decidido foi de 90 sendo 30 vagas para extensão, 30 via inscrição direta, e 30 via siga. As vagas ociosas serão abertas para extensão.

As vagas da extensão serão decididas via sorteio no dia 29/08. No entanto as inscrições para o envio de e-mail requerendo vaga irão até dia 28/08. No dia 29/08 acontecerá a seleção dos alunos de extensão por meio de sorteio, no horário da aula sem local definido ainda. A partir desta seleção será enviada a PR5 a lista dos selecionados para comunicá-los.

O Blog será a única ferramenta de comunicação do curso e este por sua vez não possuirá caráter deliberativo. O GT de comunicação ficará responsável por fechar a página do facebook e fazer esta divulgação pela predileção pelo uso do Blog.

Os Eixos da Disciplina que já foram estabelecidos serão levados à aula e (re)pensados e (re)construídos pela assembleia da turma.

Os Grupos de Trabalho serão dois, a princípio, com possíveis novas formação a partir dos próximos encontros e reuniões. Estes serão de GT-Comunicação e GT-Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins. Na próxima quinta-feira dia 22 de agosto ocorrerá reunião do GT- Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins para decidir sobre a primeira aula do curso.

Informes (17/8) e pedido do “GT” de comunicação

Pessoal, estamos no aguardo da ata, mas vou adiantar alguns pontos. Outros não conseguirei informar muito porque não lembro, e precisamos [!] que quem esteve presente e tem essas informações passe para a gente assim que possível!
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A. optamos por apostar na comunicação via blog e em alguns casos, lista de emails. Para isso, existirá um GT de comunicação responsável para centralizar as informações em comunicados informativos e publicá-los. Não preciso dizer que, quanto mais gente aqui, melhor – e menor fica o trabalho, né? Pois bem, outro caminho que tomará o GT diz respeito ao estudo da ferramenta do blog, até como forma de registro de nosso caminho (considerou-se que o facebook de certa forma tornava mais efêmero o registro, e as coisas acabam se perdendo com facilidade) e talvez uma “oficina” para explicar a galera a usar algumas coisas – desmistificar o espaço e o uso do blog (vamos precisar, também do uso de todo mundo para isso – criação de dúvidas, e etc.)

B. depois de horas discutindo, acertou-se ter 90 vagas. 30 pra lista (que na real tem menos) / 30 para o SIGA (mais, pois a lista terá menos) / 30 para extensão. A inscrição do SIGA será aberta no período de alteração, do dia 21/08 a 26/08.

C. foi sugerido um GT de “metodologia” -> alguém poderia explica melhor?

D. extensão: inscrição por e-mail (praticasautogestionarias@gmail.com) até 28/08 e sorteio 29/08. Agora não sei como faremos, pois o João teve um trabalho interessante aqui.

Questão que fica, divulgar a extensão!!

E. Agenda:

  • 22/08 reunião do gt metodologia pra pensar o primeiro dia de aula.
  • 29/08 reunião para decidirmos sobre o que fazer com as inscrições da extensão (um exemplo, se forem mais que 30, como fazer?)
  • 05/08 primeiro dia de aula do curso

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abraços a todos [por favor, se tiverem alguma errata, alguma informação, complementem!]

PS: o Saulo já contribuiu:
“O número de vagas decidido foi de 90 sendo 30 vagas para extensão, 30 via inscrição direta, e 30 via siga. As vagas ociosas serão abertas para extensão.
As vagas da extensão serão decididas via sorteio no dia 29. No entanto as inscrições para o envio de e-mail requerendo vaga irão até dia 28. No dia 29 acontecerá a seleção dos alunos de extensão por meio de sorteio, no horário da aula sem local definido ainda. A partir desta seleção será enviada a Pr5 a lista dos selecionados para comunica-los.
O Blog será a única ferramenta de comunicação do curso e este por sua vez não possuirá caráter deliberativo. O GT de comunicação ficará responsável por fechar a página do facebook e fazer esta divulgação pela predileção pelo uso do Blog.
Os Eixos da Disciplina que já foram estabelecidos serão levados à aula e (re)pensados e (re)construídos pela assembleia da turma.
Os Grupos de Trabalho serão dois a princípio com possíveis novas formação a partir dos próximos encontros e reuniões. Estes serão de GT-Comunicação e GT-Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins. Na próxima quinta-feira dia 22 de agosto ocorrerá reunião do GT- Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins para decidir sobre a primeira aula do curso.”

P.L.

Encontro e definições

Carxs todxs,

a próxima reunião foi agendada para o dia 22.07.2013, segunda feira, 18 horas no Instituto de Psicologia. Como sabemos, o Instituto de Psicologia funcionará normalmente neste dia.

Soubemos esta semana:

  • que a disciplina Práticas autogestionárias foi cadastrada no SIGA e já está disponível para futuras inscrições,
  • que o cadastramento da proposta como curso de extensão também está tramitando e temos toda a razão em crer que ele será devidamente implementado.

A reunião do dia 02.07.2013 determinou que haverá:

  • 30 vagas para a disciplina cadastrada no SIGA,
  • 10 vagas para o curso de extensão.

As inscrições na disciplina e no curso de extensão podem ser feitas por meio de uma seleção prévia. Basta que determinemos, entre nós, os critérios de inclusão, façamos a seleção e informemos a secretaria da graduação e a secretaria de extensão a lista de participantes.

Sabemos que o curso vem sendo construído coletivamente há alguns meses e, neste momento, seria uma perda que participantes ativos fossem excluídos. Será necessário, portanto, já na próxima reunião que esta lista seja encaminhada.

Notamos também que temos incorrido em certa imobilidade ao realizar autogestão na decisão e não definir as funções e os atores. Devemos evitar a burocracia hierarquizante e distingui-la da determinação coletiva de funções e atores. Nesta trilha proponho que definamos critérios de seleção e atores para implementá-la o que incluir a divulgação, prazos, análise de material, preparação da lista e encaminhar a lista para a coordenação da graduação e da extensão.

Reunião 02.07.2013

Essa foi mais uma reunião de grandes possibilidades. As intenções de falar sobre a autogestão na produção de conhecimento (CAPES e CNPq) e no próprio campo da psicologia, de abordar os problemas e impasses da autogestão no interior da Economia Solidária ( no campo do trabalho), o contexto das manifestações atuais -pensando que grupos e objetos de reflexão poderiam ser utilizados  e principalmente nas narrativas,  foram compartilhadas. Foi apresentada a proposta de pensarmos em como a autogestão é pensada e utilizada nos diversos campos. Surgiu também a oportunidade de entrarmos em contato com integrantes do MPL de São Paulo e achamos oportuno estreitar este vínculo.

Partindo para o pragmatismo galopante:

– Para que a disciplina se torne também um projeto de extensão é necessário decidir o número de vagas. Até então seriam 20. Mas, com relação a inserção dos alunos que já estão construindo a disciplina e a possibilidade de não conseguirem as vagas pelo sistema (SIGA), ficou combinado que o número de vagas pelo projeto de extensão será reduzido e pelo sistema aumentado para 30, sendo um total de 40 vagas. Também será necessário escolher a forma de divulgação, um nome para coordenador  e preencher o formulário com a Jéssica. A forma de divulgação sugerida foi via internet, por meio do site do IP e o nome para coordenador sugerido foi o do João Batista.

– Concluímos que existe uma necessidade de se iniciar uma disciplina a partir de um relato do caminho que resultou na mesma, pensando no número de pessoas alheias ao processo.

– Propomos uma próxima reunião para o dia 22/07 , segunda-feira, para tentarmos organizar melhor os tópicos da ementa.

Autonomia é o mesmo que autogestão

Carxs pessoas,
o Movimento Passe Livre pode ser uma prática a ser analisada no nosso curso.
O Programa Roda Viva será com integrantes do MPL, nesta segunda-feira (17/6) às 22h, ao vivo, na TV Cultura e no Portal cmais+.
Na página do MPL, estão os princípios do movimento (copiados a seguir). O primeiro princípio é “autonomia é o mesmo que auto-gestão”.
Ainda que o foco sejam os recursos financeiros, a noção de autonomia possivelmente será importante para nosso per-curso. De qual autonomia estamos tratando? Enfim, breves assinalamentos…
Abraços
João

Entendendo os princípios
mpl | April 4, 2008 – 5 years 10 weeks

Veja abaixo a definição dos princípios para compreender melhor nossa organização.

Autonomia
A autonomia é o mesmo que auto-gestão. Significa que todos os recursos financeiros do movimento devem ser administrados, criados e geridos pelo movimento. Aqui, não vale depender de doações de empresas, ONGs, partidos políticos e outras organizações.

Independência
A independência é uma das conseqüências da autonomia. Os coletivos do MPL são independentes entre si, em suas ações locais, desde que respeitem os princípios organizativos nacionais. O MPL também age independentemente de partidos políticos, ONGs, governos, ideologias e de unidades teóricas. O MPL depende apenas das pessoas que o
constituem.

Horizontalidade
Todas as pessoas envolvidas no MPL devem possuir o mesmo poder de decisão, o mesmo direito à voz e a liderança nata. Pode-se dizer que um movimento horizontal é um movimento onde todos e todas são líderes, ou onde esses líderes não existem. Desta forma, todose todas tem os mesmos direitos e deveres, não há cargos instituidos, todos e todas devem ter o acesso a todas as informações. As responsabilidades por tarefas específicas devem ser rotatórias, para que os membros do grupo possam aprender diversas funções.

Apartidarismo, mas não antipartidarismo
Os partidos políticos oficiais e não-oficiais, enquanto organização, não participam do Movimento Passe Livre. Entretanto, pessoas de partidos, enquanto indivíduos, podem participar desde que aceitem os princípios e objetivos do MPL, sem utilizá-lo como fator de projeção política. O MPL não deve apoiar candidatos a cargos eletivos, mesmo
que o candidato em questão participe do movimento.

Federalismo
O MPL é um movimento nacional que se organiza através de um Pacto Federativo, que consiste na adoção dos princípios de independência, apartidarismo, horizontalidade, decisões por consenso e federalismo.
Isso confere autonomia a cada coletivo local, desde que estes respeitem os principios do Movimento Nacional. Os coletivos devem ainda estabelecer uma rede de contatos inter-coletivos, tentando ao máximo se aproximar uns dos outros, tornando real o apoio mútuo entre coletivos, o que garantirá organicidade ao Pacto Federativo do MPL.

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Os primeiros movimentos da disciplina começaram antes, bem antes. Talvez em 2009, quem sabe antes ainda. Difícil precisar. Mas o início óbvio deste percurso começa nas primeiras conversas sobre a eleição do centro acadêmico. Que frequentemente eram esvaziadas, com poucos votantes, uma chapa e raros interessados no resultado. O caminho que se repetia era a eleição pra compor tabela. O pleito era quase “simbólico”. Interessava como argumento de legitimidade para aqueles que compunham a chapa.

A muitas eleições o centro acadêmico era disputado por uma representação estudantil, ou sem representação estudantil. Não havia projetos diferentes, nem oposição. Muitas vezes  até mesmo a posição se esvaía em si mesma. Em meio a muitos outros pontos, sobre participação, representação, ocupação de espaços, representatividade e relevância do espaço do centro acadêmico a autogestão foi ganhando corpo como forma de atuação.

Havia muitas dúvidas, mas a aposta foi pela autogestão, no entanto ela precisava ser  posta em prática. A questão era de agora saber precisar o que seria uma autogestão.

Um segundo ponto foi uma conversa, ainda preliminar sobre uma disciplina também compartilhada com os estudantes para que a experiência de “ministrar” uma disciplina fosse também conhecida pelos alunos. Desde os meandros da ementa, de bibliografia, de programas, planejamento e também a experiência de estar em sala de aula em outro papel. Assim teríamos uma disciplina com um tema a ser escolhido, mas também a experiência didática seria um foco da disciplina. Esta ideia era ainda embrionária, ainda não era possível precisá-la.

Outro encontro foi a disciplina sobre análise institucional ministrada pelo professor Francisco Portugal. Esta era uma demanda importante para alguns alunos que se interessavam por análise institucional, mas que não possuíam um bom referencial teórico sistematizado sobre o tema. Dentro desta perspectiva a autogestão é fundamental. E deixar certos conceitos apenas no campo teórico diminui qualquer teoria. Com os ruídos, os choques, as controvérsias de duas aulas discutindo autogestão e assim as linhas foram se cruzando.

O Centro Acadêmico com frequentes questões com a autogestão, as experiências da greve, o contato com outros C.As. e movimentos autogestionários, outras bibliografias e grupos de estudo eram os cacos, era o que sobrava, faltava construir o mosaico.

A proposta deste curso surge um pouco com este cenário. Faltava ainda que os professores fossem convidados. Neste momento já havia uma certa angústia de ser muita ambição para confrontar-se com a burocracia da universidade. Não sabíamos se algum professor ia querer fazer parte deste projeto, que era ainda incerto até para nós. Fomos então aos convites chegando aos nomes a partir das afinidades, dos encontros, das possibilidades de dedicar tempo a um projeto incerto e daqueles que achávamos que poderiam aceitar esta proposta ainda meio turva. Para a nossa surpresa a resposta foi super positiva, todos os professores que falamos gostaram da proposta, alguns acabaram não conseguindo fazer parte. Ao longo deste processo ficou também cada vez mais claro a importância de que o curso fosse composto por vários professores uma vez que juntos teríamos possibilidades de rachar as duras barreiras que a burocracia universitária nos coloca.

Primeiros encontros, primeiros passos

A primeira reunião aconteceu um pouco às pressas, por causa do pragmatismo galopante que nos impunha a burocracia. Isto já era a prática da disciplina. Uma vez que sua ideia é compor da forma mais horizontal possível toda a disciplina e decidirmos juntos como lidar com tudo que é necessário para a construção e execução de um curso. Desde a ementa, passando por que textos e como serão as dinâmicas das aulas e até pela avaliação. Pudemos estar presentes dois professores e cinco estudantes. Bruno Foureaux, João Batista, William Penna (Will), Thiago Colmenero (Papéu) Francisco Portugal e eu.  Até então eram os professores que conseguimos falar e nos alertaram sobre o curtíssimo prazo de inscrição de uma disciplina. E estes eram os alunos que puderam estar presentes de um número de dez, talvez doze que já faziam parte desta inciativa. Esta reunião ocorreu na quarta feira 22 de maio, basicamente para acertar as primeiras intenções sobre o curso, começando seu percurso construindo algo comum. Um primeiro encontro pra dar conta da burocracia e da troca de olhares, das primeiras palavras. Após algumas primeiras tarefas definidas fomos mais incisivos aos convites. Divulgamos mais a ideia, falamos com mais estudantes, mais professores, estudantes da pós graduação inclusive. Trocamos alguns e-mails, marcamos uma segunda reunião.

A segunda reunião ocorreu depois em uma terça feira. Sobre ela especificamente existirão outros relatos. Este texto se encerra aqui com a certeza de que a experiência deste curso já está nova, instigante e já apresenta as dificuldades de com-partilhar, de compor-com um horizonte comum. E agora aqueles que passarem a fazer parte deste processo já terão a oportunidade de entender um pouco do caminho que vem sendo caminhado.

Tony (Antonio Costa)