Diário de ressonâncias – Aymara

Queria fazer algo não verbal, buscando escapar às minhas limitações, mas digamos que fiquei no meio do caminho (que é também um ótimo lugar).
Sentada, nos vários momentos que devaneava sobre essa feitura, elegi não o todo, mas as partes, escolhendo 3 …… (cenas, imagens, fatos, sentimento..etc etc etc etc) que me foram mais caros.O primeiro se fez de supetão, quando buscava o material para montar as colagens. Atrás de colas me deparei com a gaveta das quinquilharias, cheia de CD’s, cassetes e disquetes. Sim, disquetes…. Tive certeza ao vê-los que isso era algo do qual eu queria falar, não de tecnologia, comunicação e “espalhação” de conhecimento, que para acontecer precisam de muito, muito barulho – por mais que isso tenha sido um problema dos mais barulhentos para nós, que com três meios super poderosos de comunicação extra-classe não conseguimos nos apropriar e fazer funcionar bem nenhum.
Não, não… sua função já não é mais difusora, passou ao “vintage”, à memória. Ele está lá para lembrar, de tudo que se passou, do que se perdeu e do que se ganhou, do que se construiu e que se modificou. Olhando para ele só me vinha a importância da memoria, do lembrar e do saber, daquilo que já ocorreu e ocorre, do fazer redes para poder construir algo novo e melhor.
Tivemos muito disso na sala, do novo que urgia por ser criado e recriado a cada momento, buscando não ser capturado, mas que ao mesmo tempo bebia o mais que podia do passado e da história.
Pensando em “memória” me veio “esquecimento”, e me lembrei do rio Lhete – na mitologia grega era um dos rios de Hades, aqueles que bebessem ou até mesmo tocassem na sua água experimentariam o completo esquecimento – me surpreendi de certa forma ao saber que seu oposto (Alethéia) significa verdade e fiquei mordida……
De provocação colei então as palavras em lados opostos do disquete (Lethe e Aletheia), mas o conceito ficou mais bonito que a realidade, então deixo a imagem para a imaginação de vocês, assim também como as razões do incômodo.
O segundo – para mim nevrálgico – são as falas, a organização destas (e por isso os dedos), seu espaço, ou falta de e a necessidade de tornar isso algo menos burocratizado mas também funcional. (colagem 1)
 colagem1
A fim, escolhi terminar com o início, lembrando de uma das últimas reuniões antes do início da matéria, que teve como maior debate a eleição da quantidade de pessoas que poderia (e iria) se inscrever e participar do projeto. Foi uma aposta que não parou de se balançar até o último dia do semestre, dos que apostaram que iriam todos aos que disseram que não iria ninguém, todos temos que lidar com esses fatídicos 90, sua falta (?) ou sua presença em multidões de outras formas. (colagem 2)

Colagem2

Diários de ressonância – Júlia Robaina

Diário de ressonâncias – Júlia Robaina

Por conhecer algumas pessoas que participaram do processo de construção da disciplina, eu soube desse projeto e pude entrar como inscrição direta. Interessei-me pela disciplina por ela ser sobre autogestão e pretender funcionar de forma autogestionada, e também pelos temas que seriam abordados ao longo do curso.

Não considero que me dediquei como poderia e gostaria a essa disciplina. Acabei colocando compromissos pessoais como prioridade. Isso aconteceu não só com a matéria de Autogestão.

Considero a ideia desse curso como uma iniciativa única no Instituto de Psicologia, visto que as outras disciplinas funcionam de acordo com um modelo habitual e vertical, em que o aluno não participa do processo, do caminho. Para mim, houve falhas, o que está longe de dizer que foi um fracasso. Ao contrário, as falhas apontaram para novos caminhos e reflexões.

Em algumas aulas que estive presente presenciei discussões que me faziam sentir desmotivada e fatigada, pois as falas me pareciam repetidas, pronunciadas sem reflexão. Aí entra uma falha minha, porque eu não estava implicada o suficiente para expressar o que sentia e pensava, o que talvez pudesse colaborar para o surgimento de outras formas de discussão ou qualquer outra alternativa que surgisse em conjunto com os demais alunos.

Acho que muitas pessoas pretenderam fazer um curso que criasse uma forma outra de existir, de funcionar. Mas penso que algumas não conseguiram, talvez quando se prenderam a um formato pensado antes do primeiro dia de aula.

Apesar de ter causado um desconforto em alguns no momento de sua fala provocadora, notei que o curso ficou mais leve quando um aluno levantou a questão da importância da arte, além de ter feito outras críticas. Talvez isso tenha causado alguma tensão, mas uma tensão que permitiu uma reflexão mais honesta sobre o curso que se queria construir.

Gostei muito de algumas aulas práticas que tivemos, como a visita da Lurdinha, da Ocupação Manoel Congo. Nessa aula ela contou como a ocupação funcionava, suas lutas, algumas situações por quais passaram. E ela repetiu uma frase que ficou em minha cabeça: “eu quero botar fogo no Estado”. Não preciso dizer que achei a Lurdinha uma pessoa muito sábia, ainda mais em tempos de manifestação e repressão policial. Também gostei da visita do Pedro, da Universidade Nômade. Interessei-me pelas lutas desse coletivo, mas também da forma como ele abordou outros assuntos, como o marxismo. Os filmes escolhidos também foram ótimos.

Portanto, considero que ter passado por essa experiência foi proveitosa.

Diários de ressonância – Ian H.

Fui a poucas aulas pois achei as primeiras bem chatas. Apenas uma questão em particular: neste período eu simplesmente não suportei mais o modelo aula. Todo meu afeto estava voltado para os dois estágios. Assim, buscava – quando em textos – os assuntos que diziam respeito a eles. De certa forma, meu motivo para não estar gostando, funcionava como desculpa para não incomodar. Era um motivo, de fato, específico. Mesmo assim, imaginava quão constrangedor seria denunciar o desconforto frente aos que pareciam aproveitar. Experiência entre o desconforto de falar ou a culpa de guardar. Todavia, como disse acima, a particularidade do meu motivo funcionava como desculpa para não denunciar meu des-afeto.

Ao me imaginar nos afetos que convergiam perante a proposta da disciplina eu achava perigoso vivenciar a experiência me sentindo inteiramente responsável por ela. Sou parte do grupo mas não sou o grupo. Quando presente vi um movimento de unificação muito forte. As atividades eram acordadas e feitas pelo grupo inteiro. Evidentemente o desconforto apareceu, mesmo tendo demorado. Como permitir que a disciplina não se tornasse um único caminho percorrido por todos, mas diferentes caminhos se encontrando e desencontrando ao longo do percurso?

Das ressonâncias por aqui, ecoam alguns impulsos. De uns tempos pra cá me sinto acorrentado pelo modo de movimento industrial. Isto é, ao iniciarmos alguma atividade fica pré-estabelecido um compromisso financeiro, um compromisso com o mestre, com os horários. Três vetores que, aliados, se fortalecem e acabam por oprimir a vontade que foge aos dogmas da razão. Essa vontade espontânea de aprender, apenas por se encantar com algo. A autogestão ressoa para mim dessa forma: detesto fazer trilha com guia. Eu quero é descobrir junto, esquivar dos caminhos preparados. Quero me agenciar com pessoas queridas, abrir a mata, descobrir lugares inusitados. Dispenso o mestre, dispenso o investimento financeiro-institucional (ou seja, pagar mensalmente por uma atividade), dispenso os horários enrigecidos. Estes últimos chego a considerar, apenas, quando em grupo.
Não posso deixar de ressaltar o pioneirismo da experiência. Penso que devemos ficar atentos aos níveis de exigência. Relaxemos um pouco e analisemos o que a vivência representa. Suas ressonâncias são territorializantes. Uma disciplina engendrada por alunos. Pensada por alunos e feita por eles. Essa parte me deixa muito contente. Abraços e boas férias a todos.

Por Ian H.

Diários de ressonância – Letícia Belmiro

Diários de ressonância – Letícia Belmiro

Confesso que estou há bastante tempo pensando o que vou escrever aqui -e ainda não tenho muita certeza… Fui me distanciando da disciplina conforme o período foi passando, fato que eu não relaciono com nenhuma questão específica que tive com a própria disciplina, mas sim com os meus próprios interesses e investimentos pessoais nesse período.

Vale questionar o quanto que essa experiência de afastamento e esvaziamento permeia as práticas autogestionárias e se constitui talvez como o maior desafio destas. Sejam por quaisquer motivos individuais que cada um tenha, no final das contas, em um espaço autogestionado, quem leva realmente os projetos até o fim e fazem as coisas acontecerem são aqueles que mais estão engajados e investidos nesses projetos. Minha experiência no CAFS me diz isso e durante a disciplina creio que esse aspecto ficou bem claro também.

Seria leviano tomar o que acabei de dizer como uma crítica por si só a mim e a todos que esvaziam e já esvaziaram outros espaços também. Antes de mais nada, creio que esse maior desafio também se mostra como uma das belezas da autogestão: a liberdade de cada um de se envolver o quanto pode, o quanto quer e o quanto quer. Para cada um de acordo com suas necessidades e de cada um de acordo com suas possibilidades.

No final das contas, mesmo que ausente por mim, acredito que a disciplina atingiu seu objetivo e que foi uma grande conquista! Boas férias para nós!

Diários de ressonância – Fabille Leão

Fabille leão – Diário de ressonância.

Buscando um elemento forte ou palavra que pudesse definir autogestão.
Fato é que num dado momento, ao olhar as ruas via algo similar. Talvez! Porém a prática é o que melhor poderia definir essa composição. Também ao me inserir nesta Comuna; digo: que política não define este movimento, nosso movimento quero dizer. Que fique claro politizar e não se implicar. É não carregar algo comum. Definir-me como homem. Busca o semelhante. Seja pela “tarifa zero”, seja pelo “fome zero” ou outros movimentos. Assim a semelhança dos objetivos, a necessidade comum traz um produto prático. Necessário ao conceito de autogestionária. Capaz de unir um coletivo social.

No que define a “As práticas autogestionárias” pude elucidar muito bem a sua robustez no conceito. Suas ramificações seus engajamentos, bem como, modos naturais de definições. Definições estas que buscam suprir o básico dos mais básicos elementos que sustentam um processo de autogestão. Que é sua atitude coletiva, sua colocação em todo lugar. Trabalha dimensões excludentes, aproximando vértices distantes.

A saber, que práticas de autogestão uma vez ministrada, com públicos distintos. Quebra barreiras, definindo muito bem que polos distintos hoje são o maior conceito de autogestão. Assim, todo incomodo convoca para uma reflexão, sadia. Trazendo momentos de permeabilidade da pessoa e absorção de matéria. Vida! Movimento produzido pela ação de fora. Como a todo o momento, no curso houve uma forte reflexão quanto à diversidade social. E suas nuâncias produzidas por vozes dissonantes. Tentando marcar um lugar ou definir sua identidade. Através do pronunciamento colocando sua escrita neste local.

Vejo que um processo, autogerido pode ser feito através de elementos sociais fortes. Com elementos produzidos pela coletividade. Sendo totalmente oposicionista ao acumulo exagerado de capital. Algo que se aproxima da cooperação das partes e ou reconhecimento da igualdade humana. Não quero aqui cria um conceito, mas identificar o que não é uma práticasautogestionária.

Agradeço a todos. Admiro o entusiasmo dos docentes e dedicação.
Fabille leão C.

Diários de ressonância – Jessica Prado

Diário de Ressonância:Práticas Autogestionárias na Prática

Em primeiro lugar gostaria de colocar a minha satisfação em fazer parte desse grupo que não só me propiciou ótimos momentos de discussão e reflexão, mas também me permitiu fazer parte do processo, me deslocando de um lugar já tão dado. Nesse quase cinco anos no Instituto de Psicologia muitas vezes me vi enquanto aluna, na posição de receber o conhecimento vindo das figuras detentoras desse saber já pronto, já instituído e em um sistema já formatado. Como uma expectadora na janela de um trem, observadora das paisagens que vão passando e vez ou outra parando em alguma estação que chamava minha atenção.

Bom, nessa nova experiência vi um grupo de alunos que saíram desse lugar de expectadores e resolveram construir um novo caminho, imagino que tratando se de autogestão não poderia ser diferente. Quero elogiar não só os que idealizaram essa iniciativa, os que deram força pra a realização e também àqueles que aderiram ao curso trazendo ideias, pensamentos e ajudando nesse processo de construção/reconstrução, que a meu ver ainda continua (e que bom que continua).

Um dos motivos pelos quais me inscrevi nessa matéria foi o interesse por esse tema que anda tão falado, que surgiu a partir de uma definição de Autogestão e os meus questionamentos.
“Entendemos por autogestión el movimiento social, econômico y político que tiene como método y objetivo que la empresa, la economia y la sociedad em general estan dirigidas por quienes producen y distribuien los bienes y servicios generados socialmente. La autogestion propugna la gestión directa y democrática de los trabajadores, en las funciones de planificacion, direccion y ejecución” (Iturruspe, 1988).

Como funcionaria esse processo, não só dos trabalhadores, mas de um grupo de pessoas no planejamento, direção e execução da gestão? Hoje vivemos em uma democracia representativa, através de uma votação elegemos representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram. Esse processo é tido com o incontestavelmente a melhor forma de governo porque provê a população uma forma justa e livre de escolha. O quão livre é essa escolha, uma vez que todas outras formas de governo são tidas como injustas, tirânicas e até ditatoriais. Não seria mais uma ditadura da maioria, aonde as minorias, quando conseguem se fazer visíveis, não tem espaço para expressar sua opiniões divergentes?

Algumas dúvidas que ficam foram exatamente sobre esse processo decisório, existem outras formas de participação que não são a submissão total a uma autoridade dominadora ou um processo democratizado? E como podemos fazer uma gestão participativa? Nesse ponto a participação dos convidados externos foi fundamental, entre outras coisas, para ter acesso de como os grupos estão fazendo a sua gestão. É um processo que dá trabalho, demanda um investimento, vontade de participar e um saber ouvir do grupo, afinal não é possível se chegar a um consenso sobre tudo, mas as decisões precisam ser tomadas e as ações executadas. Podemos ver que esse processo é algo que sempre se reinventa, não é dado, é preciso construir a melhor forma de coletivizar as decisões de uma forma eficiente.

Em relação a estrutura, ausência ou presença de uma hierarquia, segundo o conceito anarquista de autogestão, “se caracteriza por eliminar a hierarquia e os mecanismos capitalistas de organização envolvidos”, mas isso não significa necessariamente uma total horizontalidade nas relações ou seja a partilha de informação e a tomada de decisão ao alcance de todos os membros. Para pensar nessa questão acho importante lembrar o conceito de transversalidade de Guattari, quando existe comunicação entre diferentes níveis e diferentes sentidos, entre vertical e horizontal, muitas vezes esse as relações transversais são inconscientes.

Outro fator que ficou muito claro a partir do depoimento dos convidados, foi o da autoanálise do processo de autogestão, algo que pareceu ser natural e fundamental para os coletivos, uma inciativa que parte de dentro e propicia um entendimento e organização (possivelmente uma reorganização).

Como foi dito nas ultimas aulas, nas quais fizemos (e ainda estamos fazendo) o nosso processo de autoanálise, esse processo é sem fim uma vez que o fim é próprio caminho. Gostaria de destacar uma frase de Vieira (2007) que é fundamental e poderia até ser um lema, “Ninguém acorda ou acordará de um dia para o outro “autogestionário””. Bem como foi visto na teoria e na nossa própria prática, é um processo de reflexão, que deve ocorre em paralelo com a prática do desenvolvimento de uma gestão que seja ideal e singular para o nosso grupo. Deve ser visto como um processo futuro, uma utopia sim, mas uma utopia concreta se valendo dos processos já passados para a visualização do futuro.

Para finalizar esse relato gostaria de salientar algo que para mim é o que há de mais fundamental na autogestão (e na vida!), o desejo. O desejo que impulsiona e que faz com que esse movimento aconteça, desejo que impede a paralisação, desejo que constrói, destrói e reconstrói, o desejo que faz o real. Graças ao desejo esse curso foi iniciado e eu desejo que continue.

Jessica Prado de Almeida Martins

Diários de ressonância – Luisa Sader

Diário de ressonância: Práticas autogestionárias
Luisa Sader Guimarães Dias 10/12/2013

“Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.”
Antonio Machado

A ideia de uma disciplina autogestionada sobre autogestão me caiu quase como uma salvação. Já há dois anos participando e vivendo todas as contradições e complicações de um espaço autogestionado, pensei ter achado a solução para os problemas e as angústias que me afligiam. Eu finalmente iria aprender o que é autogestão, finalmente ia deter o conhecimento sobre essa forma de organização tão presente e ao mesmo tempo tão estranha a minha vida. A partir disso, todas as questões se diluíriam quase que de imediato. O C.A funcionaria perfeitamente e eu aplicaria a autogestão em outros espaços da minha vida. A revolução estava iminente.

Então, vieram as primeiras reuniões e as dificuldades de se montar uma disciplina, uma ementa, uma bibliografia. Neste momento, os problemas de praticar a autogestão imersa em uma lógica hierárquica, burocratizada, cristalizada da universidade começaram a aparecer, e uma estranha sensação de intimidade me foi surgindo. Dificuldades em marcar as reuniões, em tomar decisões, em se comunicar; discussões muitas vezes prolixas; a urgência na realização de certas tarefas que estrangulavam os encontros; o desespero em relação ao número de pessoas. No meio de tantas incertezas de um curso que se formaria em seu curso e o pragmatismo galopante da vida contemporânea, finalmente, começamos a disciplina.

Mais uma vez fomos massacrados pelo tempo. A proposta da disciplina foi apresentada, os grupos tiveram um momento para pensar em mudanças e outras propostas, mas não conseguimos compilá-las e dar um direcionamento. Ficou decidido que os grupos mandariam suas propostas pro blog e na semana que vem decidiríamos. No curto (ou longo?) espaço de uma semana, muitas propostas se perderam e poucas mudanças foram efetuadas.

Uma grande aposta da disciplina foram os textos. Embebidos também pelo espírito acadêmico –sem diminuir sua importância-, as aulas eram centradas nos textos e as possíveis discussões que emergeriam destes. Acreditei na possível tentativa de captura de um conceito definido de autogestão, o que me trouxe logo frustração. Os textos não davam conta do que eu vivia e pareciam muito distantes de uma prática concreta. É claro que conseguimos traçar alguns nortes desse modo de organização. Há uma impossibilidade inerente de uma prática autogestionária que esteja a serviço de ideiais fascistas e capitalistas; autogestão pressupõe autonomia, diluição das relações de poder, autodeterminação por parte do coletivo. Mas, e aí? Há um hiato abissal entre esses conceitos e o delineamento de uma vivência autogestionada. Minha frustração e consequente falta de interesse no espaço da aula partiu de uma expectativa quase irreal que nutria dentro de mim, como se certas conceituações fossem, de fato, me trazer respostas e, além, fossem me trazer formas e modelos de exercer a autogestão.

Se os textos não atenderam às expectativas o oposto se deu com as narrativas e as assembléias. Foram muitas histórias narradas, vidas e afetos sendo expostos naquele espaço, e todos muito distintos e singulares. As formas de organização, de metodologia, de objetivo eram variadas e surpreendentes. Algumas até suscitavam a dúvida: isso é autogestão?

Por que não?

As assembléias foram também espaços muito potentes. As insatisfações colocadas -seja da metodologia do dedinhos, seja do curso, dos textos- transformavam aquele aula em um eterno devir. Quantos deslocamentos não promovemos naquele espaço? A própria aula de expressão artística, que fugia totalmente ao roteiro da disciplina e da maioria dos participantes, emergiu da assembléia.

Sem dúvida, as práticas autogestionárias promoveram rupturas com formas tão antigas e engessadas do que entendemos enquanto aula e conhecimento. Polos binários professor/aluno, teoria/prática se diluíram e se misturaram naquela dança junto com as minhas frustrações.
Ao meu ver, não é possível promover um corte e designá-lo como sucedido ou fracassado. Não passa por aí. A disciplina foi em si e para além de si autogestionada com todas as intermitências e paradoxos que essa noção me remete. De fato, não sei dizer se sairei conhecendo o que é a autogestão, mas, definitivamente, a terei vivido neste (per)curso.

SEMANA DE MÍDIAS LIVRES : ESC + Copyfight + Encontro de Rádios Livres

A partir da convergência de diferentes encontros sobre tecnologia e comunicação (ESC, Copyfight e Encontro de Rádios Livres), a Semana de Mídia Livre traz cinco dias de programação intensa com debates e oficinas sobre democratização da comunicação, rádio digital, táticas de anti-vigilância na rede e muito mais.

A Semana começa com o II ESC, que põe em pauta a decisão do modelo de rádio digital que será adotado no país. O Brasil ainda não definiu este modelo e corre o risco de ceder às pressões da grande mídia, escolhendo um padrão que praticamente inviabiliza a existência de rádios livres e comunitárias. Por outro lado, há um modelo aberto (DRM) que traz diversas possibilidades e vantagens para a mídia livre. As implicações técnicas, sociais e políticas do rádio digital no Brasil será o foco desta segunda edição do ESC.

No dia 27 de noite, a abertura do Copyfight na Rádio Interferência debaterá a produção do sujeito terrorista no Brasil, Colômbia e Palestina, com os coletivos Rio40Caos e Antena Mutante. No dia seguinte, o Copyfight vai para a Casa Nuvem, onde teremos uma oficina de criptografia e anti-vigilância na Internet. Na sexta (29), voltamos à Interferência para a oficina de espectro livre, abordando rádio digital e redes wifi autônomas, e já emendando com a programação do Encontro de Rádios Livres, que também ocorre na Praia Vermelha, na parte da noite, com o lançamento do documentário sobre da Interferência, exibição de curtas e música.

Para fechar a semana com chave de ouro, no sábado (30), o Encontro de Rádios Livres traz OCUPA CAMPUS invadindo a Praia Vermelha com apresentações artísticas, oficinas e debates em geral. Traga sua arte, sua música, divida seu conhecimento e participe!

confira os sites dos eventos >>

ESC – Espectro Sociedade e Comunicação, 26 a 28 de novembro, na PUC-RJ
http://www.conferences.telemidia.puc-rio.br/esc2013/

Copyfight, 27 a 29 de novembro, na UFRJ e Casa Nuvem
http://www.copyfight.in/

Encontro de Rádios Livres, na UFRJ, 29 e 30 de novembro
encontro.radiolivre.org
http://wiki.radiolivre.org/Encontros/EncontroRio2013

programação completa:

terça // 26
09h00 – ESC
A academia nacional e os Sistemas Brasileiros de TV e de Rádio Digital: oportunidades e estratégias.
10h50 – ESC
Os novos paradígmas da radiodifusão digital: Demonstração de utilização do padrão Digital Radio Mondiale com o middleware Ginga para transmissão de rádio digital.
14h30 – ESC
Direito à Comunicação e Digitalização – Repensando as leis dos meios no Brasil e na América Latina

quarta // 27
09h – ESC
Interatividade e inovação no Rádio Digital
14h30 – ESC
Rádio Digital na prática: Uso de multiprogramação e interatividade. Oficina de desenvolvimento de aplicativos interativos para Rádio Digital usando o Ginga e explorando possibilidades de uso da multiprogramação
16h30 – ESC
Grupos de Trabalho
GT-01
Implementações abertas de rádio digital, rádio digital nas distintas bandas de radiodifusão (OM, OT, OC e VHF), canal de retorno e o rádio como meio de difusão de conteúdo digital.

GT-02
Espectro Livre e o novo marco legal das comunicações no Brasil

19h30 – COPYFIGHT na Interferência
Abertura do Copyfight e debate “Novas Fronteiras de Controle: a produção do sujeito terrorista no Brasil, Colômbia e Palestina” com Rio40Caos e Antena Mutante (Colômbia)

quinta // 28
09h – ESC
Regulamentação, uso e compartilhamento do espectro
14h00 – ESC
Apresentação do resultado dos GTs
16h30 – ESC
Mesa de encerramento e produção da carta da conferencia endereçada ao Conselho Consultivo do Rádio Digital (CCRD) – MINICOM
19h30 – COPYFIGHT na Casa Nuvem
Criptografia e anti-vigilância na Internet com Silvio Rhatto (Saravá)

sexta // 29
17h – COPYFIGHT na Interferência
Espectro livre: rádio digital e redes wifi autônomas com Surian (Redes Livres) e Rafael (MUDA)

20:30 – Encontro de Rádios Livres (Auditório da CPM/ECO)
Exibição de filmes de rádios livres e lançamento do documentário da Interferência

22:00 – Encontro de Rádios Livres (Interferência)
Discotecagem coletiva e confraternização

sábado // 30
14 horas – Encontro de Rádios Livres (UFRJ)
#OCUPACAMPUS
O campus da Praia Vermelha fica deserto aos sábados. O coletivo da Rádio Interferência tem resistido com oficinas ou encontros e vem convidar os coletivos autônomos e horizontais a ocuparem a UFRJ com ações, intervenções, oficinas, debates, et alii.
Retransmissão para a Colômbia pelo Radiolibre.co
Rádio Interferência aberta para programação coletiva
14h00 Oficinas | Abraço | Fuga | Estêncil | Transmissão ao vivo de manifestações (RioNaRua)
15h00 Captação de voz e edição de vinhetas das rádios livres
16h00 Debate sobre a escolha do padrão brasileiro para o Rádio Digital
17h00 Devir-Bola + Futebol e Anarquia | Prática no Campinho
18h00 Oficina de Rádio Digital
19h00 Projeção dos vídeos das rádios livres
20h00 Discotecários das rádios livres
Retransmissões, performances, intervenções, estripulias, ações em geral

Mais informações em: https://espectrolivre.milharal.org/

Recado do pessoal que está organizando a aula do dia 14/11

Pessoal,
Pra aula de amanhã vamos testar um dispositivo pedagogico antes do inicio da aula expositiva. o tempo pre-aula, de 13-13:40h tem sido bem ocioso, por isso vamos testar uma ideia. Utilizar esse tempo para passar um video provocativo. Sera um documentario sobre Tosquelles e a clinica de Saint Alban, percursores cruciais da analise institucional. não queremos utilizar o tempo de aula para passar o video, então vamos passar antes. Quem puder chegar as 13h vai poder aproveitar esse momento tb! 
inte!

Felix

Calendário atualizado

Segue o calendário previsto para as próximas aulas, conforme decidido na assembléia do dia 7/11.
14/11 – Aula expositiva de Análise Institucional a partir de textos compilados (já estão disponíveis no site)

21/11 – Terra Una + MST [a confirmar]+ CAFS [a confirmar]

28/11 – Norte Comum + Aula sobre arte [a confirmar]+ “experimentação artística ”

5/12 – Rádio Interferência + Universidade Nômade [ a confirmar]

12/12 Avaliação do curso

Referências da aula do dia 14.11.2013

No link abaixo está a compilação de textos para a aula expositiva do dia 14/11

Textos selecionados Analise Institucional e Autogestão

Nota do Felix:

“Pessoal, aqui esta o texto pra proxima aula. Esta dividido da seguinte maneira:A primeira parte são trechos que recortei do compêndio de analise institucional sobre autogestão. Depois vem um capitulo do livro Caosmose em que Guattari fala da experiência de La Borde. E as ultimas paginas são alguns verbetes que achei mais interessantes do compendio tambem. Eh um ‘guia’ para entender um pouco de autogestão, analise institucional e fazer operar esses conceitos em um campo concreto. Se estiver longo, recomendo focar a leitura no texto do Guattari, ‘praticas analiticas e praticas sociais’, mas pra quem tiver tempo eh muito bom ter a leitura desses dois autores. Divirtam-se”

Cine Comuna Amarildo – 2ª sessão

Em meio às discussões quentes acerca das manifestações e dos modos de resistir no contemporâneo, propomos este filme para abrir o debate com relação às estratégias de lutas, mídia e produção de subjetividade. “No” é um filme que nos conta a história dos bastidores do plebiscito ocorrido no Chile em 1988 sob a ditadura de Pinochet, em que a população votaria SIM ou NÃO à permanência do ditador no poder. Um filme intrigante e com uma fotografia belíssima que vale a pena ser visto tanto em termos artísticos como históricos.

Esperamos vocês para a sessão-debate!

Filme: “NO”. Chile, 2012, 118m. Direção Pablo Larrain
Local: sala 9 do Instituto de Psicologia da UFRJ, Av. Pasteur, 250, Pavilhão Nilton Campos, Campus Praia Vermelha.
Dia: 5ª feira, dia 7/11 às 17:00

no

Referências para a aula do dia 26 de setembro

Carxs, conforme combinado, listamos algumas referências sobre os convidados que estarão conosco na aula do dia 26 de setembro. 

(obs. Até o momento só temos confirmada a presença da Lurdinha da ocupação Manuel Congo.)

Preparação da aula do dia 12.09.2013

Caros,

publicamos o relato da aula do dia 05.09.2013 e tornamos acessível pelo blog as referências para a aula de amanhã.

Dos seis grupos constituídos na primeira aula para preparar propostas para o curso, apenas dois enviaram as referidas propostas. Assim, temos o seguinte material:

Grupo 1 (clique para ter acesso)
Grupo 2 (clique para ter acesso e leia o comentário ao post)

O GT comunicação ficou com a tarefa de organizar as propostas enviadas. Na situação atual não temos muito o que fazer. Peço que os restante das propostas sejam remetidas na forma de comentário para que possamos efetivamente encaminhar a dinâmica do restante do curso.

Sugestões de um grupo sobre estrutura e dinâmica do curso

Aula 1 do curso Práticas autogestionárias
Proposta do grupo Alessandra, Bruno F.,  Francisco, Isabella, João, Karoline, Laura B., Rafael

Os grupos foram formados para debater as propostas do curso e apresentar encaminhamentos.

Este grupo dividiu o debate em quatro tópicos:

1. estrutura,
2. sugestão de referências,
3. dinâmica,
4. avaliação, participação, presença.

1. Estrutura da proposta atual e sugestão de nova estrutura.

Reconhecendo como um risco da proposta atual a reificação de teorias e perspectivas (marxismo, anarquismo e análise institucional) na reflexão sobre autogestão consideramos que a percepção deste risco pelos participantes pode com facilidade dilui-lo no debate, pela mistura de textos com referências variadas e pelo cruzamento de perspectivas na contextualização histórica.

Encaminhamentos:

1.1. buscar uma reflexão mais histórica;
1.2. ter como meta do curso construir um genealogia da autogestão. O uso de dispositivos redutores com finalidade didática seria um meio para elaborar esta genealogia desde que estejamos atentos ao debate importante hoje. Colocando na forma de uma questão: em que e o que a Comuna de Paris problematiza a autogestão hoje?

2. Sugestão de referências para o curso.

Vimos principalmente as referências sobre Análise Institucional que foram consideradas básicas e adequadas.

Sobre anarquismo vermos as produções do nu-sol especialmente a revista Verve.

Sobre a parte das narrativas consideramos que convidar seria ótimo ainda que não tenhamos sugerido ninguém. Consideramos, entretanto, que podemos convidar os próprios participantes envolvidos com autogestão a relatar experiências conectadas aos textos debatidos.

Propomos filmes a serem apresentados, 1 por mês, em horário extra-classe (nas últimas quinta-feira do mês, 18 horas, na sala 2) e seguidos de debate.

Filmes propostos: Der Baader Meinhof Komplex, Noviembre, Edukators, Ensaio de orquestra.

3. Sobre a dinâmica do curso.

Que não seja uma aula expositiva no estilo mestre expositor.

Ler os textos e priorizar o debate.

Valorizar o espaço de experimentação propriciado pelo curso.

Elaborar disparadores para fomentar o debate indicando alguém (indivíduo ou grupo) para ficar responsável pela formulação destes dispositivos.

4. Avaliação, participação, presença.

Cuidar para não produzir segmentação entre os grupos (inscritos via extensão e no curso regular) diferenciando avaliações.

Movidos pelo problema de quem será o avaliador sugerimos atividade de construção de texto ao longo do tempo com debates.

A avaliação, restrita a uma pessoa ou coletiva, consiste na elaboração de um artigo/texto cujos objetivos seriam estabelecidos pelo indivíduo em questão (pessoa ou grupo). Outros grupos fariam a leitura, revisão e sugestões até chegar a um acordo. Os textos poderiam versar sobre as referências do curso, o relato de experiências e de eventuais visitas feitas ao longo do curso.

Ao final, poderíamos empreender a produção de uma publicação para divulgação e compartilhamento da experiência com um público mais amplo.

Referências para a aula do dia 12 de setembro

Carxs, listamos abaixo os textos para a aula do dia 12 de setembro de 2013 com os links para acesso ao material.

CONSTANT, Benjamin. “A liberdade dos antigos comparada à dos modernos”. In: Filosofia política 2. Porto Alegre: L&PM, 1985, p. 23.
HUBERMAN, L. Capítulo XII. Deixem-nos em paz! (p.143-154) em ________ História da riqueza do homem. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
MELLO, L. I. A. John Locke e o individualismo liberal. In WEFFORT, F. (Org.) Clássicos da Política. São Paulo: Ática, 2000.

 

Breve apresentação do curso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA

Práticas autogestionárias, IPW050
Quinta-feira, 13h-16h30 – Sala 9

Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2013.

Carxs participantes do curso Práticas autogestionárias,

elaboramos esta apresentação para que todos tomem conhecimento da proposta do curso e das atividades já realizadas até este momento. A leitura deste texto constitui ação importante para integração de todxs nesta proposta de autogestão.

Breve apresentação do curso Práticas autogestionárias

1. A proposta inicial e o histórico de encontros.

1.1. A proposta inicial, formalizada em maio de 2013, foi criar um curso na grade de disciplinas do Instituto de Psicologia da UFRJ para estudar e praticar autogestão. A ideia foi elaborada por estudantes de graduação que convidaram professores para, juntos, construir o curso.

1.2. O aspecto inovador da proposta é autogestionar um curso. Pretende-se realizar um curso sobre autogestão de forma autogerida. Tal empreendimento, notamos de imediato, implica inovações na construção coletiva de um programa, da dinâmica de aulas, do cronograma, uma profunda alteração na relação professor/estudante entre outros aspectos ainda não mapeados.

1.3. Enfatizamos a aposta de que o curso se configurasse como uma disciplina formalizada no Instituto de Psicologia. Tivemos então que elaborar um programa de curso para submeter à aprovação dos Departamentos e da Congregação, cadastrar a disciplina na secretaria da Graduação com um código interdepartamental e incluí-lo na grade de disciplinas de 2013.2. Todos estes passos empreendidos ordinariamente por professores contou com a participação de estudantes interessados e cumpriu o cronograma e as etapas regulares estipulados pela Universidade.

1.4. Para que o curso saísse do campo das ideias, viesse a ser implementado na grade regular do Instituto de Psicologia e divulgado, houve um trabalho realizado ao longo de meses (de maio a agosto) composto por reuniões, comunicados, elaboração de programa, lista de interessados, divulgação, conhecimento da burocracia do Instituto de Psicologia e ações para tramitação da proposta. Reconhecendo o trabalho realizado e considerando importante a exposição às novas pessoas que não participaram desse processo inicial, este documento foi elaborado para divulgação e – aspecto mais importante – horizontalização das relações.

1.5. O número de vagas foi inicialmente planejado em 45 mas, recentemente, analisando a demanda decidimos dobrá-lo. Tal alteração foi objeto de amplo debate porque consideramos que o número de participantes pode dificultar a autogestão. Decidimos não nos render a esta possível dificuldade e empreender o curso com este número de participantes.

2. A dinâmica proposta para o curso

Ao longo dos últimos meses de trabalho para construir o curso empreendemos diversas atividades, elaboramos alguns produtos (sujeitos a transformação) e identificamos algumas dificuldades.

Elaboramos um programa de curso, criamos um blog e grupo no FB, fizemos algumas reuniões. O programa do curso foi criado no mesmo dia em que a proposta foi apresentada e o convite foi feito para os professores e tal rapidez deveu-se às exigências da burocracia do Instituto de Psicologia e da universidade. O programa foi divulgado no blog, criado logo após, e foi objeto de significativas complementações temáticas e de referências bibliográficas e de outra natureza. A agilidade inicial foi acompanhada de certa morosidade nos meses seguintes em decorrência, julgamos, do aspecto inusitado do curso e de nosso cotidiano já intenso.

Percebemos, por exemplo, como convocar, participar e deliberar nas reuniões era trabalhoso. Havia dificuldades em marcar dia, em participar, em deliberar e divulgar as deliberações. O funcionamento em assembleia de todas as reuniões também impunha dificuldades na implementação das ações. Decidimos em certo momento – premidos pelo início do curso – em distinguir modos de funcionamento das reuniões e consideramos importante criar grupos de trabalho (GT) para operacionalizar as deliberações. Decidimos que as deliberações serão feitas em assembleias, mas as ações serão implementadas por grupos abertos que se configuram ad hoc. Os grupos são abertos e devem realizar as atividades programadas, estando sujeitos a reconfigurações.

Existem atualmente dois grupos, a saber, GT Comunicação e GT Processo. O GT Comunicação, composto por Bruno Foureaux, Francisco Portugal e Pedro Legey, deve aprimorar as formas atuais de comunicação, acompanhar as comunicações ao longo do curso e organizar o histórico do curso. O GT Processo, com quadro vasto e ainda por se definir, organiza a proposta pedagógica do curso, seus processos e seu cotidiano.

Apresentamos uma proposta de programa de curso prevendo dias para deliberações em assembleia e aulas regulares. Tal proposta será apresentada em seu primeiro dia e está sujeita a modificações conforme decisão coletiva.

3. A comunicação

O GT comunicação empreenderá suas comunicações preferencialmente pelo blog do curso – https://praticasautogestionarias.wordpress.com – e por meio de folhetos e mensagens eletrônicas. É de vital importâncai que todxs xs inscritxs no curso acessem o site e se cadastrem como seguidorxs (basta acessar o site e clicar no canto direito inferior da tela o botão “seguir”), facilitando a circulação das informações e decisões. Esta ação fará que toda postagem seja comunicada a todxs, entre outras possibilidades.

Reproduzimos abaixo o link do relato de um dos participantes que discorre sobre os primeiros passos deste projeto.

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Ata da reunião do dia 15 de agosto de 2013

Práticas Autogestionárias – Ata da reunião de 15/08/2013

Relator: Saulo Pereira Araújo

Aquilo que é acordado em grupo deve ser “respeitado e levado para frente” mesmo que todos não hajam estado presentes na “reunião” e não tenham participado dessa decisão anterior e queira problematizá-la posteriormente….

O número de vagas decidido foi de 90 sendo 30 vagas para extensão, 30 via inscrição direta, e 30 via siga. As vagas ociosas serão abertas para extensão.

As vagas da extensão serão decididas via sorteio no dia 29/08. No entanto as inscrições para o envio de e-mail requerendo vaga irão até dia 28/08. No dia 29/08 acontecerá a seleção dos alunos de extensão por meio de sorteio, no horário da aula sem local definido ainda. A partir desta seleção será enviada a PR5 a lista dos selecionados para comunicá-los.

O Blog será a única ferramenta de comunicação do curso e este por sua vez não possuirá caráter deliberativo. O GT de comunicação ficará responsável por fechar a página do facebook e fazer esta divulgação pela predileção pelo uso do Blog.

Os Eixos da Disciplina que já foram estabelecidos serão levados à aula e (re)pensados e (re)construídos pela assembleia da turma.

Os Grupos de Trabalho serão dois, a princípio, com possíveis novas formação a partir dos próximos encontros e reuniões. Estes serão de GT-Comunicação e GT-Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins. Na próxima quinta-feira dia 22 de agosto ocorrerá reunião do GT- Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins para decidir sobre a primeira aula do curso.

Informes (17/8) e pedido do “GT” de comunicação

Pessoal, estamos no aguardo da ata, mas vou adiantar alguns pontos. Outros não conseguirei informar muito porque não lembro, e precisamos [!] que quem esteve presente e tem essas informações passe para a gente assim que possível!
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A. optamos por apostar na comunicação via blog e em alguns casos, lista de emails. Para isso, existirá um GT de comunicação responsável para centralizar as informações em comunicados informativos e publicá-los. Não preciso dizer que, quanto mais gente aqui, melhor – e menor fica o trabalho, né? Pois bem, outro caminho que tomará o GT diz respeito ao estudo da ferramenta do blog, até como forma de registro de nosso caminho (considerou-se que o facebook de certa forma tornava mais efêmero o registro, e as coisas acabam se perdendo com facilidade) e talvez uma “oficina” para explicar a galera a usar algumas coisas – desmistificar o espaço e o uso do blog (vamos precisar, também do uso de todo mundo para isso – criação de dúvidas, e etc.)

B. depois de horas discutindo, acertou-se ter 90 vagas. 30 pra lista (que na real tem menos) / 30 para o SIGA (mais, pois a lista terá menos) / 30 para extensão. A inscrição do SIGA será aberta no período de alteração, do dia 21/08 a 26/08.

C. foi sugerido um GT de “metodologia” -> alguém poderia explica melhor?

D. extensão: inscrição por e-mail (praticasautogestionarias@gmail.com) até 28/08 e sorteio 29/08. Agora não sei como faremos, pois o João teve um trabalho interessante aqui.

Questão que fica, divulgar a extensão!!

E. Agenda:

  • 22/08 reunião do gt metodologia pra pensar o primeiro dia de aula.
  • 29/08 reunião para decidirmos sobre o que fazer com as inscrições da extensão (um exemplo, se forem mais que 30, como fazer?)
  • 05/08 primeiro dia de aula do curso

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abraços a todos [por favor, se tiverem alguma errata, alguma informação, complementem!]

PS: o Saulo já contribuiu:
“O número de vagas decidido foi de 90 sendo 30 vagas para extensão, 30 via inscrição direta, e 30 via siga. As vagas ociosas serão abertas para extensão.
As vagas da extensão serão decididas via sorteio no dia 29. No entanto as inscrições para o envio de e-mail requerendo vaga irão até dia 28. No dia 29 acontecerá a seleção dos alunos de extensão por meio de sorteio, no horário da aula sem local definido ainda. A partir desta seleção será enviada a Pr5 a lista dos selecionados para comunica-los.
O Blog será a única ferramenta de comunicação do curso e este por sua vez não possuirá caráter deliberativo. O GT de comunicação ficará responsável por fechar a página do facebook e fazer esta divulgação pela predileção pelo uso do Blog.
Os Eixos da Disciplina que já foram estabelecidos serão levados à aula e (re)pensados e (re)construídos pela assembleia da turma.
Os Grupos de Trabalho serão dois a princípio com possíveis novas formação a partir dos próximos encontros e reuniões. Estes serão de GT-Comunicação e GT-Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins. Na próxima quinta-feira dia 22 de agosto ocorrerá reunião do GT- Metodologia/Processo/Didática/CoordenaçãoGeral/Afins para decidir sobre a primeira aula do curso.”

P.L.

Encontro e definições

Carxs todxs,

a próxima reunião foi agendada para o dia 22.07.2013, segunda feira, 18 horas no Instituto de Psicologia. Como sabemos, o Instituto de Psicologia funcionará normalmente neste dia.

Soubemos esta semana:

  • que a disciplina Práticas autogestionárias foi cadastrada no SIGA e já está disponível para futuras inscrições,
  • que o cadastramento da proposta como curso de extensão também está tramitando e temos toda a razão em crer que ele será devidamente implementado.

A reunião do dia 02.07.2013 determinou que haverá:

  • 30 vagas para a disciplina cadastrada no SIGA,
  • 10 vagas para o curso de extensão.

As inscrições na disciplina e no curso de extensão podem ser feitas por meio de uma seleção prévia. Basta que determinemos, entre nós, os critérios de inclusão, façamos a seleção e informemos a secretaria da graduação e a secretaria de extensão a lista de participantes.

Sabemos que o curso vem sendo construído coletivamente há alguns meses e, neste momento, seria uma perda que participantes ativos fossem excluídos. Será necessário, portanto, já na próxima reunião que esta lista seja encaminhada.

Notamos também que temos incorrido em certa imobilidade ao realizar autogestão na decisão e não definir as funções e os atores. Devemos evitar a burocracia hierarquizante e distingui-la da determinação coletiva de funções e atores. Nesta trilha proponho que definamos critérios de seleção e atores para implementá-la o que incluir a divulgação, prazos, análise de material, preparação da lista e encaminhar a lista para a coordenação da graduação e da extensão.

Autonomia é o mesmo que autogestão

Carxs pessoas,
o Movimento Passe Livre pode ser uma prática a ser analisada no nosso curso.
O Programa Roda Viva será com integrantes do MPL, nesta segunda-feira (17/6) às 22h, ao vivo, na TV Cultura e no Portal cmais+.
Na página do MPL, estão os princípios do movimento (copiados a seguir). O primeiro princípio é “autonomia é o mesmo que auto-gestão”.
Ainda que o foco sejam os recursos financeiros, a noção de autonomia possivelmente será importante para nosso per-curso. De qual autonomia estamos tratando? Enfim, breves assinalamentos…
Abraços
João

Entendendo os princípios
mpl | April 4, 2008 – 5 years 10 weeks

Veja abaixo a definição dos princípios para compreender melhor nossa organização.

Autonomia
A autonomia é o mesmo que auto-gestão. Significa que todos os recursos financeiros do movimento devem ser administrados, criados e geridos pelo movimento. Aqui, não vale depender de doações de empresas, ONGs, partidos políticos e outras organizações.

Independência
A independência é uma das conseqüências da autonomia. Os coletivos do MPL são independentes entre si, em suas ações locais, desde que respeitem os princípios organizativos nacionais. O MPL também age independentemente de partidos políticos, ONGs, governos, ideologias e de unidades teóricas. O MPL depende apenas das pessoas que o
constituem.

Horizontalidade
Todas as pessoas envolvidas no MPL devem possuir o mesmo poder de decisão, o mesmo direito à voz e a liderança nata. Pode-se dizer que um movimento horizontal é um movimento onde todos e todas são líderes, ou onde esses líderes não existem. Desta forma, todose todas tem os mesmos direitos e deveres, não há cargos instituidos, todos e todas devem ter o acesso a todas as informações. As responsabilidades por tarefas específicas devem ser rotatórias, para que os membros do grupo possam aprender diversas funções.

Apartidarismo, mas não antipartidarismo
Os partidos políticos oficiais e não-oficiais, enquanto organização, não participam do Movimento Passe Livre. Entretanto, pessoas de partidos, enquanto indivíduos, podem participar desde que aceitem os princípios e objetivos do MPL, sem utilizá-lo como fator de projeção política. O MPL não deve apoiar candidatos a cargos eletivos, mesmo
que o candidato em questão participe do movimento.

Federalismo
O MPL é um movimento nacional que se organiza através de um Pacto Federativo, que consiste na adoção dos princípios de independência, apartidarismo, horizontalidade, decisões por consenso e federalismo.
Isso confere autonomia a cada coletivo local, desde que estes respeitem os principios do Movimento Nacional. Os coletivos devem ainda estabelecer uma rede de contatos inter-coletivos, tentando ao máximo se aproximar uns dos outros, tornando real o apoio mútuo entre coletivos, o que garantirá organicidade ao Pacto Federativo do MPL.

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Palavras primeiras de um caminho caminhado

Os primeiros movimentos da disciplina começaram antes, bem antes. Talvez em 2009, quem sabe antes ainda. Difícil precisar. Mas o início óbvio deste percurso começa nas primeiras conversas sobre a eleição do centro acadêmico. Que frequentemente eram esvaziadas, com poucos votantes, uma chapa e raros interessados no resultado. O caminho que se repetia era a eleição pra compor tabela. O pleito era quase “simbólico”. Interessava como argumento de legitimidade para aqueles que compunham a chapa.

A muitas eleições o centro acadêmico era disputado por uma representação estudantil, ou sem representação estudantil. Não havia projetos diferentes, nem oposição. Muitas vezes  até mesmo a posição se esvaía em si mesma. Em meio a muitos outros pontos, sobre participação, representação, ocupação de espaços, representatividade e relevância do espaço do centro acadêmico a autogestão foi ganhando corpo como forma de atuação.

Havia muitas dúvidas, mas a aposta foi pela autogestão, no entanto ela precisava ser  posta em prática. A questão era de agora saber precisar o que seria uma autogestão.

Um segundo ponto foi uma conversa, ainda preliminar sobre uma disciplina também compartilhada com os estudantes para que a experiência de “ministrar” uma disciplina fosse também conhecida pelos alunos. Desde os meandros da ementa, de bibliografia, de programas, planejamento e também a experiência de estar em sala de aula em outro papel. Assim teríamos uma disciplina com um tema a ser escolhido, mas também a experiência didática seria um foco da disciplina. Esta ideia era ainda embrionária, ainda não era possível precisá-la.

Outro encontro foi a disciplina sobre análise institucional ministrada pelo professor Francisco Portugal. Esta era uma demanda importante para alguns alunos que se interessavam por análise institucional, mas que não possuíam um bom referencial teórico sistematizado sobre o tema. Dentro desta perspectiva a autogestão é fundamental. E deixar certos conceitos apenas no campo teórico diminui qualquer teoria. Com os ruídos, os choques, as controvérsias de duas aulas discutindo autogestão e assim as linhas foram se cruzando.

O Centro Acadêmico com frequentes questões com a autogestão, as experiências da greve, o contato com outros C.As. e movimentos autogestionários, outras bibliografias e grupos de estudo eram os cacos, era o que sobrava, faltava construir o mosaico.

A proposta deste curso surge um pouco com este cenário. Faltava ainda que os professores fossem convidados. Neste momento já havia uma certa angústia de ser muita ambição para confrontar-se com a burocracia da universidade. Não sabíamos se algum professor ia querer fazer parte deste projeto, que era ainda incerto até para nós. Fomos então aos convites chegando aos nomes a partir das afinidades, dos encontros, das possibilidades de dedicar tempo a um projeto incerto e daqueles que achávamos que poderiam aceitar esta proposta ainda meio turva. Para a nossa surpresa a resposta foi super positiva, todos os professores que falamos gostaram da proposta, alguns acabaram não conseguindo fazer parte. Ao longo deste processo ficou também cada vez mais claro a importância de que o curso fosse composto por vários professores uma vez que juntos teríamos possibilidades de rachar as duras barreiras que a burocracia universitária nos coloca.

Primeiros encontros, primeiros passos

A primeira reunião aconteceu um pouco às pressas, por causa do pragmatismo galopante que nos impunha a burocracia. Isto já era a prática da disciplina. Uma vez que sua ideia é compor da forma mais horizontal possível toda a disciplina e decidirmos juntos como lidar com tudo que é necessário para a construção e execução de um curso. Desde a ementa, passando por que textos e como serão as dinâmicas das aulas e até pela avaliação. Pudemos estar presentes dois professores e cinco estudantes. Bruno Foureaux, João Batista, William Penna (Will), Thiago Colmenero (Papéu) Francisco Portugal e eu.  Até então eram os professores que conseguimos falar e nos alertaram sobre o curtíssimo prazo de inscrição de uma disciplina. E estes eram os alunos que puderam estar presentes de um número de dez, talvez doze que já faziam parte desta inciativa. Esta reunião ocorreu na quarta feira 22 de maio, basicamente para acertar as primeiras intenções sobre o curso, começando seu percurso construindo algo comum. Um primeiro encontro pra dar conta da burocracia e da troca de olhares, das primeiras palavras. Após algumas primeiras tarefas definidas fomos mais incisivos aos convites. Divulgamos mais a ideia, falamos com mais estudantes, mais professores, estudantes da pós graduação inclusive. Trocamos alguns e-mails, marcamos uma segunda reunião.

A segunda reunião ocorreu depois em uma terça feira. Sobre ela especificamente existirão outros relatos. Este texto se encerra aqui com a certeza de que a experiência deste curso já está nova, instigante e já apresenta as dificuldades de com-partilhar, de compor-com um horizonte comum. E agora aqueles que passarem a fazer parte deste processo já terão a oportunidade de entender um pouco do caminho que vem sendo caminhado.

Tony (Antonio Costa)

Blog Práticas autogestionárias

Este blog foi criado para potencializar o curso Práticas autogestionárias a ocorrer no segundo semestre de 2013 no Instituto de Psicologia da UFRJ.

Entre suas propostas está a comunicação entre os interessados. Ela pode ser feita de três modos:

1. pela publicação de páginas,

2. pela publicação de posts,

3. pela publicação de comentários às páginas ou aos posts.

Teremos que pensar a função dos participantes no blog. Ele permite que sejamos Seguidores (a categoria mais limitada), Colaboradores, Autores e Editores. Cada um tem funções próprias. Talvez na próxima reunião possamos definir melhor a função de cada um.